Após 5 mortos em protestos, governo peruano chega a acordo com trabalhadores agrários

Manifestações tomaram país durante mês de dezembro e acabaram em confronto com policiais

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Lima | AFP

Após mais de sete horas de reunião, uma comissão do governo do Peru e representantes dos trabalhadores rurais chegaram a um acordo nesta sexta-feira (1º) para revisar uma nova lei agrária que motivou diversos protestos durante o mês de dezembro.

O trabalho para corrigir os pedidos salariais dos trabalhadores, um dos assuntos tratados na legislação, que também aborda a jornada laboral, será feito em 45 dias.

"Estamos chamando os representantes dos trabalhadores em nível nacional para a discussão da regulação", afirmou em entrevista coletiva o ministro do Trabalho, Javier Palacios, integrante da comissão do governo. Ele anunciou ainda que as reuniões contnuarão no fim de semana. Além dele, participam os ministros do Desenvolvimento Agrário, Federico Tenorio, e de Comércio Exterior, Claudia Cornejo.

Policiais e trabalhadores agrários entram em confronto durante protesto em Viru, a 510 km ao norte de Lima
Policiais e trabalhadores agrários entram em confronto durante protesto em Viru, a 510 km ao norte de Lima - Gian Mazco - 30.dez.20/AFP

Os protestos culminaram em dois dias de bloqueios e enfrentamentos entre os trabalhadores e a polícia. Nesta sexta, porém, a estrada Panamericana amanheceu desbloqueada e com monitoramento policial na região de La Libertad, a cerca de 500 km ao norte de Lima.

“Com uma escuta ativa, iniciou-se a reunião da comissão de diálogo em Trujillo, com a participação dos ministros e vice-ministros de Agricultura, Trabalho, Comércio Exterior, o governador regional e representes agrários”, afirmou a Presidência do Conselho de Ministros no Twitter.

Nos últimos dias, cinco pessoas já morreram nos protestos, sendo três civis, entre os quais um menor de idade, segundo as autoridades peruanas. De acordo com o Ministério da Saúde, 36 policiais e 9 trabalhadores ficaram feridos nos confrontos, que terminaram com 45 trabalhadores detidos.

Em reação às mortes, o governo anunciou uma investigação e a demissão do chefe da polícia da região de La Libertad, o general Ángel Toledo.

O presidente peruano, Francisco Sagasti, propôs o diálogo na quinta (31) para tentar encontrar uma saída para a espiral de protestos e repressão que tomou conta do país devido ao debate no Congresso da nova legislação, relacionada ao regime de trabalho e salários dos trabalhadores agrícolas.

O mandatário admitiu, tacitamente, o fracasso da lei, aprovada na terça (29) pelo Legislativo e que passou a valer nesta quinta. “O Congresso aprovou a lei de promoção agrária que não satisfaz nenhuma das partes envolvidas. Convocarei o fórum do Acordo Nacional para debater o futuro do setor agropecuário e outras medidas.”

A crise agrária estourou logo após Sagasti assumir a Presidência, em 17 de novembro, em meio a uma crise política que fez o país ter três presidentes em dez dias.

O atual líder peruano é o quarto mandatário do país desde a eleição de Pedro Pablo Kuczynski, em 2016. PPK, como o ex-presidente é conhecido, renunciou antes de passar por um processo de impeachment, sob acusação de envolvimento no escândalo de propinas da empreiteira brasileira Odebrecht.

Seu sucessor, Martín Vizcarra, foi afastado no início de novembro depois de enfrentar dois processos de impeachment, também sob a acusação de recebimento de propina, o que o enquadraria na categoria de "incapacidade moral", impedindo a continuidade no cargo.

Na sequência, assumiu, por apenas seis dias, o congressista Manuel Merino de Lama, que renunciou depois dos episódios de violência que vieram na esteira da crise institucional.

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