Descrição de chapéu África terrorismo

Após resultado de eleição presidencial, 100 morrem em ataques no Níger

Suspeita cai sobre militantes islâmicos; país terá segundo turno no fim de fevereiro

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Niamey (Níger) | Reuters

Dois ataques em aldeias do Níger próximas à fronteira com o Mali deixaram cem mortos, segundo fontes ligadas à área de segurança neste sábado (2). Suspeita-se que os autores dos atentados, realizados após divulgação do resultado provisório do primeiro turno da eleição presidencial, sejam militantes islâmicos.

Um dos ataques, na aldeia de Tchombangou, deixou 49 mortos e 17 feridos, disse uma das fontes, sob condição de anonimato. Cerca de 30 pessoas foram mortas no outro atentado, na aldeia de Zaroumdareye, segundo um alto funcionário do Ministério do Interior, que também pediu para não ser identificado.

O governo do Níger, que tem sido alvo de ataques de militantes ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico, ainda não se pronunciou.

Soldado do Níger patrulha local de votação antes da chegada do atual presidente do país, Mahamadou Issoufou
Soldado do Níger patrulha local de votação antes da chegada do atual presidente do país, Mahamadou Issoufou - Issouf Sanogo - 27.dez.20/AFP

Os atentados ocorreram no mesmo dia do anúncio do resultado provisório do primeiro turno da eleição presidencial do país, realizada em 27 de dezembro.

Segundo a Comissão Eleitoral, a segunda rodada deve ser disputada em 21 de fevereiro por Mohamed Bazoum, candidato do partido atualmente no poder, e pelo ex-presidente Mahamane Ousmane.

Os resultados, que deram 39,33% a Bazoum e 17% a Ousmane, ainda precisam ser validados pela Corte Constitucional do país, que analisará possíveis recursos apresentados. Ministro do Interior, Bazoum é tido como braço direito do atual presidente, Mahamadou Issoufu, e esperava uma vitória em primeiro turno.

De acordo com a comissão, 69,67% dos 7,4 milhões de eleitores registrados para votar participaram do pleito no Níger, que tem 23 milhões de habitantes. Em um país marcado por golpes de estado, há grande expectativa em torno da eleição, que pode marcar a primeira transferência de poder entre dois presidentes democraticamente eleitos após dois mandatos de cinco anos de Issoufou.

Os desafios para o próximo presidente, porém, não serão poucos. O país atravessa uma onda de violência de militantes islâmicos. Atentados na região da fronteira com o Mali e Burkina Fasso, no oeste do país, e com a Nigéria, no sul, deixaram centenas de mortos no ano passado.

Os países da região oeste do Sahel —faixa de clima semi-árido abaixo do deserto do Saara e acima da floresta tropical africana– têm lutado contra extremistas islâmicos. O local passou por instabilidade no ano passado após um golpe no Mali, que levou à renúncia e à prisão do então presidente, Ibrahim Boubacar Keita. A crise preocupou os líderes locais, pois poderia afetar o combate aos militantes.

Uma intervenção militar internacional foi lançada em janeiro de 2013, por iniciativa da França, para conter grupos radicais islâmicos que dominam o território desde 2012.

Mais de 10 mil pessoas já foram mortas e mais de 1 milhão deixaram suas casas na região, segundo o New York Times. A ONG Human Rights Watch afirma que já documentou ao menos 800 mortes de civis em massacres desde 2015.

Os franceses têm mais de 5.000 militares nessa região como parte de esforços internacionais bilionários, que ainda não conseguiram acabar com o conflito na região.

Neste sábado, dois soldados franceses morreram e um ficou ferido quando um explosivo atingiu o veículo blindado em que estavam, segundo o gabiente do presidente Emmanuel Macron.

A Minusma, força de manutenção da paz da ONU, já enviou mais de 13 mil militares para a missão no Mali, contabilizando 209 mortos.

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