Descrição de chapéu Governo Trump

Arábia Saudita retoma relações com Qatar em nova mediação de Trump

Acordo ocorre após mais de três anos de rompimento das relações entre os países do Golfo

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Washington, Riad e São Paulo | Reuters e AFP

A Arábia Saudita reabrirá seu espaço aéreo e suas fronteiras terrestres e marítimas ao Qatar a partir da noite desta segunda (4), após mais de três anos de rompimento das relações entre os países do Golfo.

Essa reabertura é apontada como mais uma das conquistas do governo de Donald Trump no Oriente Médio. Na reta final do governo, a equipe do republicano tem concentrado esforços em buscar acertos na região para aproximar os países árabes de Israel e, assim, isolar ainda mais o Irã.

O anúncio foi feito pelo governo do Kuwait, que também ajudou a mediar o acerto. A reabertura faz parte de um acordo mais amplo entre sauditas e qatarianos que será formalizado nesta terça (5), quando líderes dos países se encontrarão em uma reunião na Arábia Saudita.

O emir Tamim bin Hamad al-Thani, governante do Qatar, estará presente, segundo o governo saudita.

Montagem com fotos de arquivo de Mohammed bin Salman (à esq.), príncipe herdeiro da Arábia Saudita, e Tamim bin Hamad Al-Thani, emir do Qatar - Fotos Fayez Nureldine/AFP

A Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein e o Egito impõem embargos diplomáticos, comerciais e de viagens ao Qatar desde meados de 2017, pois acusam o país de apoiar o terrorismo. Os bloqueios foram vistos como uma tentativa de punir o emirado por sua proximidade com o Irã.

O Qatar é um dos países mais ricos do mundo e tem grande importância estratégica, por ser grande produtor de gás natural. Os Estados Unidos mantêm cerca de 10 mil militares no emirado, onde possuem uma base aérea. Com 2,7 milhões de habitantes, o país será sede da Copa do Mundo de futebol de 2022.

Um alto funcionário do governo Trump, ouvido sob condição de anonimato pela agência de notícias Reuters, disse que a Arábia Saudita deve remover mais bloqueios nesta terça, mas que os outros três países ainda estavam em dúvida sobre o que farão.

Pelo acordo, o Qatar suspenderia os processos judiciais relacionados aos embargos.

Jared Kushner, conselheiro sênior da Casa Branca e genro de Trump, ajudou na negociação do acordo e deve participar do encontro desta terça, também segundo a Reuters.

No segundo semestre de 2020, o governo americano atuou para mediar e estimular acordos entre países do Oriente Médio e Israel. Os pactos fazem parte do que o republicano chama de Acordo do Século, plano para tentar acabar com décadas de conflito no Oriente Médio, mas visto como pró-Israel, já que desconsidera diversas reivindicações palestinas. ​

As negociações mediadas pelos EUA foram celebradas por Trump como vitórias da política externa americana. Em agosto, os Emirados Árabes Unidos tornaram-se o terceiro país da região, além de Egito e Jordânia, a concordar em estabelecer relações diplomáticas com Tel Aviv.

Menos de um mês depois, em 11 de setembro, foi a vez de o Bahrein reconhecer o Estado judaico.

Em outubro, a poucos dias da eleição presidencial em que acabou derrotado, Trump anunciou tratado semelhante entre Israel e Sudão. Em dezembro, Israel e Marrocos concordaram em normalizar as relações e a retomar voos entre os dois países.

O governo Trump avalia que esses acordos podem levar a Arábia Saudita a reconhecer Israel e a estabelecer relações diplomáticas. Boa parte dos países islâmicos se mantém distante do governo israelense devido à disputa com a Palestina, onde há maioria de muçulmanos.

Tanto Arábia Saudita quanto Israel são rivais do Irã, considerado uma ameaça pelos EUA por suas tentativas de obter bombas nucleares. Uma aproximação entre israelenses e sauditas poderia complicar ainda mais a situação para os iranianos, que vivem sob sanções dos EUA e, por isso, enfrentam dificuldades na economia.

Nesta segunda (4), o Irã anunciou a retomada do aumento de enriquecimento de urânio e apreendeu um petroleiro sul-coreano, aumentando a tensão na região.

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