O presidente da Argentina, Alberto Fernández, usou sua intervenção na edição virtual do Fórum de Davos nesta quinta-feira (28) para transmitir uma imagem positiva de seu governo, apesar de muitas das informações que deu estarem incompletas, principalmente na área econômica.
Ele afirmou, por exemplo, que a retomada do país está sendo rápida, e que foram criados 4.500 empregos novos na indústria —mas deixou de mencionar que mais de 300 mil trabalhadores perderam o emprego desde que a pandemia começou.
Fernández ainda listou como conquistas de sua gestão o fato de o país ter dado ajuda econômica, por meio de linhas de crédito, às pequenas e médias empresas, além de ter distribuído o IFE (Ingresso Familiar de Emergência) para a população mais vulnerável, com objetivo de aliviar o impacto das medidas de quarentena na economia familiar dos trabalhadores informais e de baixa renda.
Porém, não explicou que, para isso, o país teve de emitir moeda em quantidade recorde nos últimos 20 anos, mais de 2,3 bilhões de pesos.
Ele também afirmou que o governo vem negociando vacinas com vários laboratórios, embora, de fato, tenha iniciado a imunização dos argentinos a passos lentos, apenas com a Sputnik V, da Rússia.
Sobre a pandemia, Fernández afirmou que "o vírus revelou e reforçou as imensas desigualdades que temos no mundo". E pediu que fosse questionado o atual modelo capitalista "mais especulador que produtivo", e que criou "bloqueios antiéticos que vêm sendo refletidos nessa guerra das vacinas".
Questionado sobre a renegociação da dívida com o FMI (Fundo Monetário Internacional), Fernández afirmou que está em bom caminho, embora o acrodo ainda não tenha sido finalizado. O presidente argentino tenta reestruturar o pagamento de uma dívida de US$ 44 bilhões (R$ 238 bilhões) contraída por seu antecessor, o centro-direitista Mauricio Macri.
Fernández criticou Macri e também "aos que têm responsabilidade de ter emprestado dinheiro à Argentina", incluindo aí o próprio FMI. Mas explicou que na atual gestão de Kristalina Georgieva, a renegociação está indo bem.
"Quando o FMI emprestou essa quantia à Argentina, não era Kristalina quem estava a cargo. Agora estamos num bom diálogo", afirmou. "Entendo que queiram cobrar, mas precisamos de tempo".
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