Emir do Qatar e príncipe saudita se abraçam após retomada de relações de países do Golfo

Elos diplomáticos foram oficialmente restaurados após reunião na Arábia Saudita

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Al-Ula | AFP

As relações diplomáticas entre Qatar e o grupo formado por Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito, que impôs embargos por três anos ao país, foram restauradas, anunciou o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, nesta terça (5), após uma cúpula na Arábia Saudita.

"Os esforços [do Kuwait e dos Estados Unidos] nos ajudaram a chegar a um acordo no qual afirmamos a solidariedade e a estabilidade do Golfo e dos países árabes e muçulmanos", disse MbS, como ele é conhecido, ao abrir a reunião realizada em Al-Ula, no noroeste do país.

O emir do Qatar, o xeque Tamim bin Hamad al-Thani, foi recebido na pista do aeroporto com um abraço do príncipe herdeiro —um gesto impensável algumas semanas atrás. Em seguida, eles caminharam lado e lado e conversaram até entrar em um carro.

O emir do Qatar, o xeque Tamim bin Hamad al-Thani, é recebido na pista do aeroporto de Al-Ula, na Arábia Saudita, pelo príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman
O emir do Qatar, o xeque Tamim bin Hamad al-Thani, é recebido na pista do aeroporto de Al-Ula, na Arábia Saudita, pelo príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman - Bandar Algaloud/Corte Real da Arábia Saudita via Reuters

Os países do Conselho de Cooperação do Golfo —Bahrein, Qatar, Omã, Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos— assinaram um acordo "de solidariedade e estabilidade" na presença de Jared Kushner, genro e assessor do presidente dos EUA, Donald Trump. O conteúdo do pacto não foi divulgado.

Essa retomada de relações é apontada como mais uma conquista do governo americano no Oriente Médio após ajudar a conectar Israel aos Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão. O encontro começou com grandes esperanças, após o governo do Kuwait, que também medeiou o acerto, anunciar na segunda que a Arábia Saudita reabriria seu espaço aéreo e suas fronteiras ao Qatar.

A Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein e o Egito impunham embargos diplomáticos, comerciais e de viagens ao Qatar desde meados de 2017, pois acusavam o país de apoiar o terrorismo. Os bloqueios foram vistos como uma tentativa de punir o emirado por sua proximidade com o Irã. O Qatar, que sempre negou as acusações, dizia ser vítima de um "bloqueio" e de um ataque contra sua soberania.

O Conselho de Cooperação do Golfo nasceu há 40 anos com a ambição de aproximar seus membros política, econômica e militarmente. Os EUA intensificaram a pressão sobre os países para a reconciliação, com o objetivo de isolar cada vez mais o Irã, dentro de sua estratégia de pressão máxima contra Teerã.

O príncipe saudita disse querer que a cúpula faça uma frente comum a "desafios", em particular "o programa nuclear iraniano, seu programa de mísseis balísticos e seus projetos de sabotagem".

No entanto, as 13 condições formuladas para a retomada das relações com Doha, que incluem o fechamento da rede de TV Al Jazeera, detestada por muitos regimes árabes, e compromissos para acabar com o financiamento de grupos extremistas e o fechamento de uma base militar turca no Qatar, foram negados pelo Qatar. Diplomatas sugeriram que essas questões não fossem tratadas na cúpula atual.

No Twitter, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, parabenizou o Qatar por "sua resistência à pressão" e disse aos outros vizinhos árabes que "o Irã não é inimigo nem ameaça". Na segunda (4), Teerã anunciou a retomada do aumento de enriquecimento de urânio e apreendeu um petroleiro sul-coreano no Golfo Pérsico, aumentando a tensão na região.

"Como qualquer reconciliação, ela estará repleta de obstáculos e pode levar a um impasse e tensão", disse Bader al Saif, professor associado de história da Universidade do Kuwait, à agência de notícias AFP.

O Qatar é um dos países mais ricos do mundo e tem grande importância estratégica, por ser grande produtor de gás natural. Os Estados Unidos mantêm cerca de 10 mil militares no emirado, onde possuem uma base aérea. Com 2,7 milhões de habitantes, o país será sede da Copa do Mundo de futebol de 2022.

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