Descrição de chapéu China Governo Trump

Governo Trump acusa China de genocídio contra minoria muçulmana em Xinjiang

Decisão não gera punições imediatas, mas aumentará pressão para que empresas deixem de atuar ali

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Washington | Reuters

O governo de Donald Trump declarou nesta terça (19) que a China comete "genocídio e crimes contra a humanidade" ao reprimir muçulmanos uigures e outras minorias na região de Xinjiang. A declaração foi dada pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, um dia antes de a atual gestão deixar o comando dos EUA.

"Após um exame cuidadoso dos fatos disponíveis, determinei que a China, sob direção do Partido Comunista, cometeu genocídio contra os muçulmanos uigures e outros grupos minoritários em Xinjiang", afirmou Pompeo, em comunicado. "Acredito que este genocídio está em andamento e que estamos testemunhando a tentativa sistemática do estado chinês de destruir os uigures."

O secretário de Estado, Mike Pompeo, durante evento em Washington - Andrew Harnik - 12.jan.21/Reuters

A China é criticada internacionalmente por manter uigures detidos em enormes centros de detenção. Em 2018, uma equipe da ONU recebeu denúncias de que ao menos 1 milhão de uigures e de outras minorias muçulmanas estavam detidas em Xinjiang e disse ter provas factíveis disso. Outro estudo, divulgado em setembro de 2020, aponta a existência de 380 campos de detenção.

Pequim nega as acusações de abusos e diz que os locais são espaços de reeducação, voltados a combater o extremismo e a ensinar novas habilidades. Os uigures enfrentam, há três anos, uma campanha abrangente para transformá-los em seguidores obedientes do Partido Comunista, enfraquecer o compromisso com o islã e transferi-los de fazendas para fábricas.

Aldeias e cidades de Xinjiang estão cercadas por grandes postos de controle da polícia, que usam scanners de reconhecimento facial para registrar as pessoas que circulam na área. Também há registros de que os uigures são rastreados via telefone celular.

A decisão americana não gera nenhuma penalidade automática à China, mas coloca pressão para que países e empresas deixem de fazer negócios na região. Na semana passada, os EUA determinaram um veto a todos os produtos de algodão e tomate de Xinjiang, um dos maiores fornecedores globais do item.

A declaração de Pompeo veio após o Congresso aprovar uma resolução, em 27 de dezembro, que deu 30 dias para o governo determinar se a situação na área chinesa representava ou não um genocídio.

O aviso, no entanto, cria uma situação embaraçosa para o início das relações entre o governo de Joe Biden e a China, a poucas horas da posse, marcada para esta quarta (20).

A campanha do democrata disse, antes da eleição, considerar que um genocídio estava ocorrendo em Xinjiang, em um sinal de que o presidente eleito poderá manter a pressão sobre a China nesta questão.

O Departamento de Estado não informou se houve consulta à equipe do presidente eleito antes de a declaração ser feita, mas ressaltou que as críticas à China pela atuação em Xinjiang é um tema que tem unido os dois principais partidos do país nos últimos anos.

O governo Trump buscou confrontar a China de várias maneiras ao longo do mandato e gerou uma guerra comercial com o país asiático. O republicano afirma que os EUA são prejudicados nas relações econômicas entre os dois países, as maiores economia do mundo. Nos últimos 30 anos, o Departamento de Estado americano declarou a ocorrência de genocídios em ao menos cinco ocasiões: Bósnia (1993), Ruanda (1994), Iraque (1995), Sudão (2004) e áreas sob controle do Estado Islâmico (2016-17).

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