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Israel avança em vacinação enquanto palestinos não sabem quando serão imunizados

Governo israelense diz não ter obrigação de ajudar palestinos, que precisarão de auxílio para obter vacinas

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São Paulo

Israel começou a vacinar sua população em 19 de dezembro e vem avançando rapidamente: mais de 1 milhão de israelenses já foram imunizados, de um total de 9 milhões de habitantes. Já a maioria dos palestinos, que vivem ao lado, não sabe quando será vacinada.

Israel quer vacinar 2 milhões de pessoas até o fim de janeiro, e palestinos registrados como cidadãos no país também terão direito à vacinação, mas os que não têm documentos israelenses ficarão de fora.

Assim, nos próximos meses, se a vacinação avançar conforme esperado, os israelenses poderão estar aptos a retomar a vida normal nos próximos meses, enquanto os palestinos seguirão sofrendo com os males trazidos pelo vírus, muitas vezes vivendo ao lado de cidades e assentamentos israelenses.

É comum que palestinos trabalhem em regiões onde vivem israelenses, por exemplo.

Mulher árabe aguarda para ser vacinada em centro de saúde na cidade israelense de Umm al Fahm
Mulher árabe aguarda para ser vacinada em centro de saúde na cidade israelense de Umm al Fahm - Jack Guez/AFP

A Autoridade Palestina tem poucos recursos para investir em vacinas e entrar na disputa global por esses insumos. Em dezembro, governantes palestinos disseram não esperar ajuda de Israel —tampouco procuraram formalmente o auxílio— e buscavam negociar diretamente com fabricantes de países como Rússia, China, EUA e Reino Unido.

Coordenações entre os dois lados foram paralisadas no ano passado depois de o líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, cortar laços com o país devido aos planos de um acordo de paz mediado pelos EUA e visto como pró-Israel.

Alguns líderes palestinos disseram que a imunização poderia começar ainda no primeiro trimestre de 2021, mesmo que não tenham dado garantias que sustentassem as declarações.

Outra esperança é obter doses por meio do programa Covax, organizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para atender países pobres com vacinas fabricadas por laboratórios menos conhecidos e com valores mais baixos. No entanto, há o risco de que Israel barre o uso de uma vacina mais barata em seu território, o que poderia atrasar ainda mais a imunização palestina.

A distribuição das vacinas também será um desafio. A da Pfizer, por exemplo, precisa ser armazenada a -70º C, tarefa complicada na Palestina, onde há áreas sem energia elétrica disponível o dia todo.

A cooperação entre os governos de Israel e Palestina na área de saúde é pequena. Israel disse que poderia repassar aos palestinos algum excedente de vacinas, mas nenhum acordo oficial foi fechado.

De acordo com os Acordos de Oslo, tratado que previa uma solução para conflito entre israelenses e palestinos, com mediação do presidente americano, Bill Clinton, nos anos 1990, cabe à Autoridade Palestina a responsabilidade por certas áreas, entre as quais a de saúde.

Autoridades israelenses dizem que o país não tem a obrigação de vacinar palestinos, mas que tem interesse em ajudar os vizinhos a se imunizarem. No entanto, disseram que só farão isso após garantir a proteção a todos os cidadãos israelenses.

A disputa entre israelenses e palestinos marcou a segunda metade do século 20 e segue sem solução.

Israel foi fundado, como um Estado judeu, após a Segunda Guerra, em territórios que antes eram ocupados por palestinos, que seguem o islamismo. Os israelenses dizem ter direito àquela região por razões históricas, pois seus ancestrais viveram ali há milhares de anos.

Após diversos conflitos, os palestinos perderam territórios e hoje vivem em partes da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Eles buscam ser reconhecidos como um país, mas enfrentam a resistência de Israel e dos EUA. Um dos prinicipais pontos de disputa é Jerusalém, cidade considerada capital pelos dois povos.

Nos últimos anos, o governo do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, tem estimulado a política de criar assentamentos judeus em territórios disputados com os palestinos, o que mantém as tensões na região.

No começo de 2020, Netanyahu apresentou um plano de paz, apoiado pelo presidente americano Donald Trump, que propõe aos palestinos ficar com um território fragmentado, ligado por estradas e túneis.

A proposta foi rechaçada.

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