Japão defende aliança com EUA, Austrália e Índia contra a China

Premiê afirma que Olimpíada será prova de coragem contra a pandemia do coronavírus

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São Paulo

O primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, defendeu nesta sexta (29) a aliança entre seu país, os Estados Unidos, a Índia e a Austrália contra a China, visando promover "um Indo-Pacífico livre".

Em sessão virtual do Fórum Econômico Mundial, Suga afirmou que a relação com Washington, centro da política externa japonesa desde a derrota na Segunda Guerra Mundial em 1945, segue sendo o "eixo da diplomacia" do país.

O premiê japonês, Yoshihide Suga, fala por videoconferência ao Fórum Econômico Mundial
O premiê japonês, Yoshihide Suga, fala por videoconferência ao Fórum Econômico Mundial - Fórum Econômico Mundial/AFP

Suga assumiu o cargo após o longo reinado de Shinzo Abe, que deixou o poder em setembro passado por motivos de saúde. Em sua primeira participação no chamado fórum dos ricos e relevantes, que em tempos normais ocorre em Davos (Suíça), fez uma enfática defesa da política de confronto com a China.

Ao mesmo tempo, ele disse que Tóquio vai buscar "relações estáveis com vizinhos, como China e Rússia". Com isso, ele mantém a política de Abe, que levou a discussões sensíveis no país acerca de seu rearmamento.

A aliança entre os quatro países contra Pequim é chamada informalmente de Quad, referência à abreviação inglesa de Diálogo de Segurança Quadrilateral, uma entidade que foi reativada pelo então presidente Donald Trump em 2017.

Em outubro passado, Suga havia sido o anfitrião de um dos mais relevantes encontros do grupo, em Tóquio, mas com uma retórica mais comedida.

Agora, com a mudança do governo americano e a posse do democrata Joe Biden na semana passada, ele resolveu dar um recado público sobre o que espera de Washington e de seus aliados.

A China já chamou o Quad de projeto de versão asiática da Otan, a aliança militar liderada pelos EUA para conter a União Soviética e que sobrevive mirando a Rússia.

A retórica de liberdade nos oceanos Índico e Pacífico é central para o grupo, que contesta as reivindicações de Pequim sobre as rotas marítimas da região, vitais para sua economia, como no mar do Sul da China.

Suga também reafirmou que o Japão irá levar em frente a Olimpíada em sua capital, que foi adiada do ano passado para julho deste ano devido à pandemia do novo coronavírus. O evento será uma prova de "coragem e esperança", disse o premiê.

"Vamos receber os Jogos Olímpicos, que serão um símbolo de união do mundo", afirmou, ante as crescentes dúvidas sobre a segurança sanitária para sua realização.

Suga, conversando com o fundador do fórum, Klaus Schwab, fez uma defesa da abordagem japonesa da crise da Covid-19, que ataca focos da doença em centros urbanos.

Lembrou que bares e restaurantes "são os locais de maior risco" de infecção pelo vírus e disse que seu país não promoveu o fechamento completo, mas sim com restrição de horários e regras de funcionamento.

O premiê prometeu apoiar, com US$ 130 milhões (R$ 707 milhões), o acesso de países em desenvolvimento a vacinas contra o coronavírus.

Disse apostar uma "ordem pós-corona" no mundo baseada numa economia "verde e digital". "Seremos neutros em emissão de carbono em 2050", disse. Prevê que seu país fará uma transição "para a nuvem" em até 5 anos e disse que uma agência específica para isso será subordinada a seu gabinete.

"Apesar da Covid, o Japão tem um comprometimento com o livre comércio", disse, ao defender o papel de seu país no regramento internacional da tecnologia 5G e já falou da próxima etapa, o 6G.

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