Kamala faz juramento e se torna a primeira vice-presidente da história dos EUA

Democrata também é a primeira pessoa negra e a primeira de origem asiática a ocupar o cargo

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A nova vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, faz seu juramento de posse observada pelo marido, Doug Emhoff ​

A nova vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, faz seu juramento de posse observada pelo marido, Doug Emhoff ​ Kevin Lamarque/Reuters

Bertioga (SP)

Kamala Harris fez história. Às 11h43 desta quarta-feira (20), no horário local (13h43 em Brasília), a filha de um imigrante jamaicano e de uma imigrante indiana se tornou a primeira mulher, a primeira pessoa negra e a primeira de origem asiática a assumir a Vice-Presidência dos Estados Unidos. De quebra, o novo segundo cavalheiro, Doug Emhoff, é o primeiro judeu casado com um vice-presidente na história.

Minutos depois de ser empossada, seu colega de chapa, Joe Biden, também fez seu juramento e assumiu oficialmente a Presidência dos EUA, colocando fim aos quatro anos da gestão de Donald Trump.

A responsável por conduzir o juramento foi a juíza da Suprema Corte Sonia Sotomayor, a primeira latina e a primeira mulher não branca da história da mais alta instância do Judiciário americano. Ao iniciar o ritual, ela errou a pronúncia do nome da democrata, chamando-a de "Kamála" —o correto é "Kâmala".

A nova vice-presidente fez carreira como procuradora, primeiro do distrito onde fica a cidade de San Francisco e depois de toda a Califórnia —onde nasceu. Em 2016, foi eleita senadora pelo estado e se tornou imediatamente uma estrela em ascensão dentro do Partido Democrata.

Sua experiência como senadora poderá ser útil agora no novo cargo. Pela lei, o vice-presidente dos EUA ocupa a presidência da Casa e tem direito a dar o voto de minerva em caso de empate nas votações.

Como o atual Senado conta com 50 republicanos e 50 democratas (incluindo aí 2 independentes que votam com o partido), a expectativa é que a nova vice muitas vezes seja chamada para desempatar as disputas.

Kamala, 56, chegou a disputar a indicação para ser a candidata democrata à Casa Branca em 2020. Foi tratada como uma das favoritas no início da corrida, mas perdeu apoio e, em dezembro de 2019, anunciou a desistência da corrida porque não tinha mais verbas para a campanha.

Pouco mais de três meses depois, declarou apoio a Biden, que naquele momento disputava a indicação com o senador independente Bernie Sanders, um dos símbolos da ala mais progressista dos democratas.

A nova vice é considerada uma representante de uma espécie de meio-termo do partido, à direita de Sanders e à esquerda de Biden e de outros nomes da ala moderada. Por isso, suas posições são muitas vezes comparadas às de Barack Obama (2009-2017), o primeiro afro-americano a ocupar a Casa Branca.

Biden foi vice de Obama, e os dois desenvolveram uma relação próxima, com o vice se tornando o conselheiro número um do titular. Quando ficou claro que venceria a disputa para ser o candidato democrata contra Donald Trump no ano passado, Biden passou a procurar um nome que pudesse desempenhar um papel semelhante ao que ele próprio tinha desempenhado.

Kamala desde o início apareceu como uma das favoritas para ocupar a vaga, tanto por sua posição política mais centrista quanto por seu perfil. O então candidato dizia publicamente que sua vice seria uma mulher, e havia muita pressão para que fosse uma pessoa negra, principalmente depois dos atos contra o racismo e a violência policial que incendiaram os EUA a partir do fim de maio de 2020.

Em 11 de agosto, Biden acabou com o mistério e anunciou Kamala como companheira de chapa. Ela se tornou, assim, a terceira mulher candidata a vice em um dos dois grandes partidos americanos. Antes dela, Geraldine Ferraro foi indicada pelos próprios democratas em 1984, e Sarah Palin foi a vice do republicano John McCain em 2008. Ambas, como se sabe, perderam.

E o ineditismo coube à chapa Biden-Kamala. Ou como a própria Kamala disse no telefonema ao presidente eleito em 7 de novembro, quando a vitória foi projetada: "Nós conseguimos, Joe".

No mesmo dia, vestida de branco —símbolo da luta pelo direito do voto das mulheres nos EUA—, Kamala abriu seu discurso de vitória dizendo: "Posso ser a primeira mulher a ocupar esse cargo. Mas não serei a última".

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