Polícia de Washington confirma identidade dos mortos durante invasão do Congresso dos EUA

Um policial e quatro apoiadores de Trump morreram após ataques ao prédio do Capitólio

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BAURU (SP)

Autoridades de Washington confirmaram oficialmente a identidade das cinco pessoas que morreram durante ou em decorrência da invasão do prédio do Congresso dos EUA na última quarta-feira (6).

Duas mulheres e três homens, entre os quais um policial, perderam suas vidas em um dia que entrou para a história como um dos maiores ataques à democracia americana.

A primeira confirmação foi a morte de Ashli Babbitt. Natural de San Diego, na Califórnia, ela tinha 35 anos, era veterana da Força Aérea americana e apoiadora fervorosa do presidente Donald Trump.

Ela morreu depois de ser baleada por um agente da Polícia do Capitólio enquanto tentava passar por cima de uma barreira de móveis empilhados para entrar em um dos plenários do Congresso, uma área restrita, onde os parlamentares estavam abrigados.

Ashli Babbitt, 35, apoiadora de Trump morta durante a invasão do Congresso dos EUA - Reprodução/Twitter

O jornal The Washington Post entrevistou Timothy McEntee, que foi casado por 14 anos com Babbitt, até maio de 2019. Segundo ele, a ex-mulher serviu no Afeganistão e no Iraque, além de ter composto o contingente da Guarda Nacional no Kuwait e no Qatar.

Em entrevista à rádio KUSI, de San Diego, Aaron Babbitt, atual marido da vítima, disse que ela era uma apoiadora apaixonada por Trump, "muito barulhenta e opinativa, mas carinhosa, atenciosa e amorosa".

Em suas redes sociais, Babbitt expressava apoio total ao presidente e ecoava falsas alegações de fraude generalizada nas eleições americanas, além de compartilhar conteúdos que questionavam a gravidade da pandemia de coronavírus e criticavam o uso obrigatório de máscaras de proteção.

Na última terça-feira (5), véspera da invasão do Capitólio, Babbitt comentou a publicação de um usuário que insinuou que o cancelamento de voos para Washington era resultado de algum tipo de conspiração, já que Trump tinha agendado para o dia seguinte um comício na capital americana.

“Nada vai nos impedir. Eles podem tentar, tentar e tentar, mas a tempestade chegou e está caindo sobre Washington em menos de 24 horas. Da escuridão à luz!”, escreveu Babbitt.

O policial Brian Sicknick, que trabalhava no prédio do Legislativo americano, morreu na noite desta quinta-feira (7), depois de ter sofrido ferimentos ao "se envolver fisicamente com os manifestantes", de acordo com comunicado da Polícia do Capitólio. Ele trabalhava na unidade desde 2008 e, mais recentemente, serviu na Unidade de Primeiros Socorros do departamento.

Segundo a polícia, Sicknick chegou a ser levado a um hospital local, mas não resistiu aos ferimentos.

Nascido na cidade de South River, em Nova Jersey, era o mais novo de três irmãos. Um deles, Ken, disse que seu irmão sempre quis ser policial e por isso se juntou à Guarda Aérea Nacional do estado.

"Muitos detalhes sobre os eventos de quarta-feira e as causas diretas dos ferimentos de Brian permanecem desconhecidos, e nossa família pede ao público e à imprensa que respeitem nossos desejos de não tornar a morte de Brian uma questão política", afirmou Ken, em um comunicado. "Brian é um herói, e é isso que gostaríamos que as pessoas se lembrassem."

Benjamin Phillips, 50, também teve sua morte confirmada pela polícia de Washington. Nascido em Bloomsburg, na Pensilvânia, ele ajudou a transportar um grupo de apoiadores de Trump que foi à capital para participar do comício em que o presidente insuflou o que se tornaria a invasão do Capitólio.

Phillips, porém, não chegou a participar dos atos. Segundo um membro do grupo, um policial retornou uma das várias ligações ao telefone do ativista e disse que ele morreu em decorrência de um derrame.

Philips passou 25 anos na Filadélfia antes de se mudar recentemente para Bloomsburg, também na Pensilvânia, para ajudar a cuidar de sua mãe, que tem Alzheimer.

Ele era um apoiador fervoroso de Trump que usou sua experiência em programação para criar vários sites em apoio ao presidente. Queria, inclusive, começar um comitê de ação política para se opor aos democratas e aos republicanos mais moderados e pensava em criar uma rede de sites conservadores.

A quarta vítima foi Kevin Greeson, 55, de Athens, no Alabama, que sofreu um ataque cardíaco enquanto estava em Washington. Nas redes sociais, ele era defensor de Trump e de grupos extremistas.

O ativista postou pela última vez em sua conta no Twitter em 28 de julho de 2020. Declarou que a hidroxicloroquina é uma cura para a Covid-19, uma afirmação que não tem sustentação científica, e escreveu "Trump 2020". Em outro post, chamou o ex-governador de Ohio John Kasich —um candidato à nomeação do Partido Republicano para concorrer à Presidência em 2016— de "idiota".

A família de Greeson disse, em comunicado, que ele era um "pai e marido maravilhoso que amava a vida" e que também “adorava andar de moto, amava o trabalho e os colegas de trabalho e amava seus cães”.

Ainda segundo a família dele, embora Greeson fosse defensor de Trump e tivesse comparecido ao comício em frente ao Capitólio, ele "não estava lá para participar de violência ou tumulto nem tolerava tais ações".

Rosanne Boyland, 34, também morreu na capital americana na última quarta-feira. Natural de Kennesaw, na Geórgia, ela participou do comício do presidente em Washington e morreu em circunstâncias que ainda não foram esclarecidas. Segundo relatos de familiares, Boyland era uma grande fã de Trump.

"Ela era uma irmã, filha e tia maravilhosa. Qualquer pessoa que a conhecesse sabe o quão compassiva ela era, sempre colocava os outros antes de si mesma", disse o cunhado de Boyland, Justin Cave, à rede CBS.

"Nunca tentei ser uma pessoa política, mas acredito que as palavras do presidente incitaram um motim que matou quatro de seus maiores fãs e que devemos invocar a 25ª Emenda", continuou Cave, em referência ao dispositivo constitucional que permite o afastamento do presidente.

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