Mais votado no 1º turno no Equador, Arauz quase teve Rafael Correa como vice

Ex-presidente, exilado na Bélgica, tentou repetir tática usada por Cristina Kirchner

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Quito

Apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, o candidato Andrés Arauz deve liderar a votação do 1º turno das eleições presidenciais do Equador, segundo pesquisas de boca de urna e os dados iniciais da apuração.

Às 23h deste domingo (7), com 7,97% de urnas apuradas, ele era o mais votado, com 33%. Seus rivais, Guillermo Lasso e Yaku Pérez, somavam em torno de 19%, em uma disputa acirrada pelo segundo lugar.

O candidato Andrés Arauz ajuda sua avó, Flor Galarza, a depositar voto de papel em urna, em Quito - Santiago Arcos - 7.fev.21/Reuters

O resultado será uma vitória de Rafael Correa, que governou o Equador de 2007 a 2017.

A publicidade para a candidatura de Arauz com Correa de vice tinha ficado até pronta, em cartazes que traziam os dois sobrenomes e a hashtag #BinomiodaEsperança. O plano era colocar em prática a mesma estratégia que Cristina Kirchner usou em 2019. Para driblar a alta rejeição a seu nome, a argentina colocou o moderado Alberto Fernández no alto da cédula. Com isso, o peronismo venceu.

Para Correa, as coisas ficaram mais difíceis porque, pelo fato de ter uma condenação por corrupção, teria de viajar ao país para fazer pessoalmente sua inscrição como candidato. Só que, se fizesse isso, poderia ser preso ao chegar. Pediu para registrar-se estando no exterior, algo que já havia sido permitido em outros casos, mas no caso de Correa foi indeferido. O ex-mandatário alegou ter sido vítima de perseguição política. Não adiantou.

Foi assim que o rosto de Correa continuou a aparecer nos cartazes de propaganda eleitoral de Arauz, praticamente um desconhecido do público, marcando que ele seria apenas seu padrinho político. Para vice, foi escolhido outro político do grupo de Correa, Carlos Rabascall.

A dupla, então, mudou de discurso. Correa não teria mais cargos numa eventual Presidência de Arauz, sequer retornaria ao país. Seria um assessor político e econômico informal, e continuaria a viver na Bélgica. Arauz afirmou que faria de tudo para desarmar a sentença que condenou o padrinho a oito anos de cadeia. Senão, admite que poderia dar-lhe um indulto.

Arauz completou 36 anos de idade no sábado (6). Além de jovem, também é pouco conhecido no país por ter morado muito tempo fora. Cursou economia na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Depois, voltou ao Equador para seu mestrado na Flacso (Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais). Recentemente, estava realizando seu doutorado na Unam (Universidade Nacional Autônoma do México).

Nascido em Quito, é filho de um dirigente de uma companhia petrolífera e de uma agente de turismo. Foi criado, porém, por sua avó materna, Flor Galarza, 106, a quem acompanhou na votação neste domingo (7). “A ela devo a educação que tive quando criança e todo o carinho que recebi.”

Em 2009, Arauz trabalhou no Banco Central do Equador. Em 2015, foi nomeado por Correa como ministro de Conhecimento e Talento Humano. Também foi ministro de Cultura.

Em 2017, com a vitória de Lenín Moreno, fundou o Observatório da Dolarização, um think tank sobre temas econômicos relacionados ao futuro do país, embora estivesse no México, com a mulher, Mariana Véliz, e o filho do casal. Arauz fala inglês, francês e russo, além de espanhol.

Há uma investigação em curso sobre os contratos públicos que a agência de viagens que pertence à sua mãe teria recebido enquanto ele integrava o governo Correa. Outra investigação aberta contra Arauz é a que questiona a contratação irregular de uma empresa de publicidade, enquanto era ministro da Cultura.

Entre suas promessas de campanha estão o retorno das políticas de redistribuição de renda e de alto gasto público, que marcaram o governo de Correa, um possível calote no FMI e, no combate aos efeitos da pandemia, a distribuição de mil dólares a mais de 1 milhão dos equatorianos desempregados pela crise sanitária.

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