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Boris convoca Elton John e Michael Caine contra os antivacina; veja vídeo

Cantor e ator aparecem em comercial do sistema público de saúde britânico; governo do Reino Unido se preocupa com menor imunização de minorias

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Bruxelas

O cantor Elton John, 73, e o ator Michael Caine, 78, são as estrelas de um novo comercial do governo do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, para incentivar os moradores do Reino Unido a tomarem a vacina contra a Covid-19.

Embora mais de 13 milhões já tenham recebido ao menos a primeira dose e mais de 500 mil, as duas doses de imunizantes, dados mostram uma participação muito menor de minorias entre os já vacinados.

Segundo pesquisa do sistema de saúde britânico (NHS) divulgada neste mês, entre os maiores de 80 anos, brancos têm quase duas vezes mais chances de terem sido vacinados do que os negros. A taxa também era menor entre asiáticos ou pessoas de ascendência mista.


O apoio de figuras populares que tenham a confiança do público é apontado por cientistas como uma das melhores formas de aumentar a adesão à vacina daqueles que estão renitentes.

No comercial, Elton John aparece como se estivesse numa seleção para participar de um filme, e ensaia vários tons diferentes para suas falas. Ele diz que quer “mostrar às pessoas que vacinar-se ajuda a proteger a nós mesmos e às pessoas que amamos".

"Portanto, espero que possamos todos nos unir e fazer a nossa parte na luta contra esta doença miserável", afirma. "Quanto mais pessoas na sociedade forem vacinadas, mais chances haverá de erradicar a pandemia nacional de Covid."

O cantor também diz que os imunizantes foram todos aprovados após cumprir “os necessários padrões de segurança e qualidade”. Depois disso, cantarola “I’m Still Standing” (ainda estou de pé), gravada por ele em 1983.

No vídeo, Elton John também finge ter tomado a vacina e imita Michael Caine. O ator aparece então como tendo sido o escolhido, em vez de Elton John, para estrelar a peça.

Recebe uma injeção e diz: "Olá, meu nome é Michael Caine. Acabei de receber uma vacina para Covid. Não doeu. Muitas pessoas não sabem disso".

Deóculos escuros e camiseta vermelha de manga curta, cantor põe a mão no braço e simula ter tomado picada de injeção
O cantor Elton John finge tomar uma vacina em campanha do serviço público de saúde britânico (NHS) para demover os antivacina - Reprodução/NHS

O QUE A CIÊNCIA COMPORTAMENTAL SUGERE PARA ELEVAR A ADESÃO A VACINAS

AMBIENTE (aumentam a adesão de quem não têm restrição prévia)

  • Local - quanto mais próximo, conhecido, conveniente e confiável for, maior a aceitação. Na atual pandemia, é importante evitar aglomeração e contágio

  • Custo da vacinação - evitar a necessidade de gastos para locomoção e horários que atrapalhem o trabalho das pessoas

  • Tempo gasto - permitir agendamento, evitar filas, ampliar horários

  • Tratamento - preparo dos profissionais de saúde para acolher, dar segurança e responder a dúvidas tanto sobre a doença quanto sobre as vacinas

  • Informação - divulgar mensagens didáticas, acessíveis e claras

  • Lembretes - envio de emails, mensagens de texto ou mensagens telefônicas para lembrar os pacientes de que estão prestes a tomar uma vacina

  • Padrões - tornar vacinas a regra, de modo que seja preciso se manifestar caso a pessoa não deseje tomá-la

INFLUÊNCIA SOCIAL (ajudam a convencer quem está em dúvida)

  • Visibilidade positiva - reforçar que a maioria quer se vacinar, em vez de focar a minoria que recusa os imunizantes. Divulgar cenas de pessoas sendo vacinadas e colocar postos de vacinação em locais visíveis
  • Janela aberta - enfatizar mudanças de posição a favor da vacina; ouvir que os outros estão cada vez mais aderindo a um comportamento induz as pessoas a fazer o mesmo
  • Argumentos - treinar profissionais de saúde para reconhecer motivos de resistência à vacina e desanuviá-la; pesquisas mostram também que eles são mais propensos a recomendar a imunização quando foram vacinados
  • Referências - amplificar o apoio de formadores de opinião - líderes religiosos, cientistas conhecidos, líderes comunitários
  • Linguagem - priorizar narrativas pessoais em vez de argumentos gerais baseados em estatísticas
  • Propósitos - ressaltar que a vacinação tem efeito coletivo e protege os mais vulneráveis

MOTIVAÇÃO (evita que quem está em dúvida desista)

  • Antecipação - a confiança na vacina precisa ser construída antes que as pessoas formem uma opinião contra. Isso passa por administrar expectativas e esclarecer dúvidas com transparência, inclusive sobre efeitos adversos, bem antes do início da vacinação

REGULAÇÃO (para quem resiste às vacinas)

  • Requisito obrigatório - tornar a vacinação uma condição para viagens, benefícios, trabalho ou estudo. Pesquisas mostram que estratégias que tentam mudar a opinião da pessoa têm poucos resultados

Sentado em uma poltrona marrom, o ator, de preto, levanta a manga da blusa e recebe uma injeção de uma pessoa que está de costas
O ator Michael Caine é vacinado contra Covid-19 em campanha do serviço nacional de saúde britânico (NHS) para demover os antivacina - Reprodução/NHS

O QUE DIFICULTA A VACINAÇÃO:

  • medo de contágio no local de vacinação
  • influência de formadores de opinião contrários à vacinação
  • opinião contrária sobre a vacina em grupos do qual a pessoa participa (igreja, empresa, clubes, roda familiar ou de amigos)
  • visibilidade excessiva de pessoas ou teorias contrárias à vacina

Fontes: Psychological Science e grupo de consultoria técnica em percepções e ciências comportamentais para a saúde da OMS

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