Descrição de chapéu Venezuela

Em reação à expulsão de diplomata, UE declara representante da Venezuela persona non grata

Regime de Maduro deu 72 horas para que embaixadora europeia deixasse país sul-americano

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Caracas | AFP

Em reação à expulsão da embaixadora da União Europeia na Venezuela, o bloco declarou nesta quinta-feira (25) a representante do país sul-americano, Claudia Salerno, persona non grata.

Em nota, os europeus afirmam ter considerado a decisão do regime de Nicolás Maduro injustificada e “contrária ao objetivo da UE de desenvolver relações e construir associações a outros países”. Segundo a nota, a proposta de uma medida equivalente foi feita pelo chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, durante entrevista coletiva em Bruxelas
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, durante entrevista coletiva em Bruxelas - Johanna Geron - 22.fev.21/Reuters

A declaração, porém, não tem o mesmo efeito da feita pela Venezuela, que deu 72 horas para que Isabel Pedrosa deixasse o país. Já no caso da UE, somente o país onde Salerno está alocada, a Bélgica, pode tomar tal decisão. Assim, a nota não faz menção à expulsão.

Salerno também é embaixadora da Venezuela na Bélgica e em Luxemburgo. Em seu Twitter, a diplomata afirmou ter defendido a Venezuela "conduzindo a relação com a UE com sobriedade e respeito". "Mas a independência e a soberania de nossa Pátria não são negociáveis", acrescentou.

A escalada de tensões entre o país sul-americano e o bloco europeu começou com a sanção da UE a 19 funcionários do regime de Maduro, entre eles Remigio Ceballos, um dos principais chefes militares do país, Indira Alfonzo, presidente do Conselho Nacional Eleitoral, e dois congressistas.

Nesta quarta (24), o regime Maduro classificou, então, como persona non grata a embaixadora da UE em Caracas. O ditador deu ainda um ultimato à UE. “Ou vocês retificam [as sanções] ou com vocês não tem nenhum trato.”

Pouco após o anúncio da expulsão de Pedrosa, o chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, entregou cartas de protesto ao embaixador francês, Romain Nadal, e aos representantes de Alemanha, Espanha e Holanda, instando seus governos a reavaliar o posicionamento com relação ao regime sul-americano. Ele também classificou as sanções europeias como ilegais e inaceitáveis.

Os funcionários sancionados são acusados de minar a democracia após as eleições parlamentares de 6 de dezembro —boicotadas e consideradas fraudulentas pelos maiores partidos políticos opositores do regime.

Sem reconhecimento dos EUA, da UE e de vários países da América Latina, o pleito deu ao partido do governo e seus aliados 256 dos 277 assentos do Parlamento, conferindo a Maduro o controle do único poder que estava na mão da oposição.

Foi essa Casa que pediu na terça (23) que o ditador expulsasse Pedrosa e revisasse o acordo de funcionamento da representação do bloco europeu em Caracas.

Não foi a primeira vez que o regime venezuelano declarou Brilhante persona non grata no país. Em junho de 2020, após outro pacote europeu de sanções, Maduro fez o mesmo anúncio e também deu 72 horas para que a representante deixasse o país. Negociações com o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, no entanto, reverteram a medida.

A Venezuela se tornou, em 2017, o primeiro país latino-ameriano a ser sancionado pela UE, que desde então já aprovou medidas contra 55 funcionários do regime, que incluem desde a proibição de viajar ao território europeu até o congelamento de bens.

O governo de Maduro enfrenta ainda fortes sanções americanas, inclusive de um embargo de petróleo, que busca derrubar o ditador. James Story, embaixador dos EUA na Venezuela, que fica baseado em Bogotá, afirmou que o regime se isola cada vez mais.

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