Espanha registra violência na 5ª noite de protestos por libertação de rapper crítico à monarquia

Ato em Barcelona reuniu 6.000 pessoas; alguns manifestantes depredaram lojas, enquanto policiais atiraram balas de espuma

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Barcelona | Reuters

Uma nova noite de protestos na Espanha neste sábado (20) pela libertação do rapper Pablo Hasél, preso no início da semana por fazer críticas à monarquia, acabou em confronto entre manifestantes e as forças de segurança.

Em Barcelona, maior cidade da região da Catalunha, o ato reuniu cerca de 6.000 pessoas, segundo a polícia local.

Alguns manifestantes depredaram lojas e jogaram objetos em direção aos agentes, enquanto policiais atiraram balas de espuma (semelhantes às balas de borracha) para tentar dispersar a multidão.

Em Madri e outras cidades da Espanha, as manifestações transcorreram sem violência.

Esta foi a quinta noite seguida de protestos na Espanha após a prisão de Hasél, condenado à nove meses de prisão sob a chamada “Lei Mordaça”. Ele é acusado de apologia ao terrorismo e de insultar a realeza por conta de postagens no Twitter e de uma música divulgada no Youtube.

Na sexta-feira (19), o primeiro-ministro Pedro Sánchez condenou os episódios de violência registrados em algumas das manifestações. "Em uma democracia plena como a Espanha, a violência é inadmissível", afirmou Sánchez.

A prisão de Hasél gerou um debate no país sobre as leis que limitam a liberdade de expressão.

Mais de 200 artistas, incluindo o cineasta Pedro Almodóvar e o ator Javier Bardem, assinaram uma petição se opondo à prisão do rapper. O abaixo-assinado compara a Espanha a países como Turquia e Marrocos, onde artistas e opositores do governo vivem em risco iminente de detenção.

A "Lei Mordaça" foi promulgada em 2015, durante o governo do conservador Mariano Rajoy, do PP. O objetivo declarado era proibir a glorificação da violência de grupos armados como o ETA e também coibir insultos às religiões ou à monarquia.

Desde então, porém, a lei tem sido aplicada de maneira muito restritiva, impondo penalidades criminais a críticas legítimas ao Estado.

Apesar de ter sido condenado a nove meses de prisão, Hasél pode ter a pena aumentada para mais de dois anos porque a sentença inclui uma multa que o rapper se recusou a pagar —assim como outros espanhóis indiciados sob a "Lei Mordaça".​

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