Descrição de chapéu refugiados

Folha e Acnur tem exposição sobre jornalistas refugiados no Brasil

Parte das celebrações do centenário do jornal, mostra está em exibição no Museu da Imigração, em São Paulo

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São Paulo

Venezuela, República Democrática do Congo, Turquia e Síria são países onde, muitas vezes, o trabalho como jornalista implica correr risco de morte. Foi por esse motivo que Carlos, Claudine, Kamil e Victorios, respectivamente, se refugiaram no Brasil.

As histórias deles guiam a exposição promovida pela Folha em parceria com o Acnur (Alto Comissariado da ONU para Refugiados), em exibição no Museu da Imigração, em São Paulo, até 30 de maio.

Parte da celebração do centenário do jornal e dos 70 anos do Acnur, a mostra "Quem Conta Essa História: Jornalistas Refugiados ou Refugiados Jornalistas?" tem origem em uma série de reportagens publicadas pela Folha no último mês de outubro. A coordenação da série ficou a cargo de Flávia Mantovani, repórter de Mundo e autora do blog Babel Paulistana.

Nesses quatro casos apresentados, a violência que atingiu os repórteres foi muito além das ofensas nas redes sociais. Prisão, tortura, agressões e ameaças físicas se tornaram perigos concretos, dos quais eles tiveram que fugir.

“São histórias que mostram aonde nós, no Brasil, não queremos chegar. Elas revelam o quão grave pode ser o autoritarismo de um governo que quer controlar ou calar a imprensa”, diz Mantovani.

“Alguns entrevistados da série disseram que se preocupam ao ver no Brasil o início de um processo que viram acontecer nos países deles. Isso deveria acender um alerta para que consigamos proteger nossos meios de comunicação, que são pilares da democracia”, afirma a jornalista.

A mostra reúne dados relevantes sobre os refugiados, mas não se restringe à frieza das estatísticas. Por meio de relatos comoventes e imagens feitas por Bruno Santos, fotógrafo da Folha, a exposição revela os dramas da migração forçada.

“São profissionais que largaram toda uma vida em seus países de origem. É importante saber da boca deles como ocorreu esse deslocamento a que foram submetidos, como foi o acolhimento no Brasil e como estão se adaptando aqui”, diz Alessandra Almeida, diretora executiva do Museu da Imigração.

Essa adaptação de que fala Alessandra nem sempre ocorre como deveria, de acordo com o Acnur. Segundo Miguel Pachioni, assessor de comunicação do órgão, são raros os que, de fato, se integram ao novo país dentro da sua profissão.

“Os refugiados são pessoas que tiveram que deixar as suas casas, mas não deixaram pra trás todo o conhecimento que têm”, afirma ele, que assina a curadoria juntamente com Lia Gomes e Vanessa Poitena —esta última também responsável pela expografia.

O visitante que chega à mostra encontra a maior sala expositiva do museu tomada por painéis com fotos, textos e gráficos. Dos auto-falantes do espaço, saem as vozes de quatro personagens, que contam suas histórias aos presentes.

Quatro objetos, que simbolizam as jornadas de cada um dos refugiados, aparecem nas fotos e em um vídeo produzido pela jornalista Jasmin Endo Tran, que é projetado em uma parede do local.

Um homem de calça jeans e camisa branca aparece de costas. Ele está à frente de uma parede branca de tijolos. Ele tem pele clara e cabelo escuro curto. Nas costas, sobre seu ombro direito, carrega uma mochila preta.
O jornalista turco Kamil com a mochila que usava quando era correspondente do Zaman na América Latina - Bruno Santos - 15.set.2020/Folhapress

Em entrevista à repórter Patrícia Campos Mello, o jornalista turco Kamil falou sobre sua mochila. Recheada com todos os equipamentos necessários para o trabalho jornalístico, ela hoje está inutilizada. O Zaman, veículo para o qual ele trabalhava, foi considerado uma organização terrorista pelo governo do presidente Recep Erdogan. Kamil entrou em uma lista de perseguidos e desde então não voltou ao país.

Na exposição no Museu da Imigração, os recursos interativos foram todos desabilitados como medida de prevenção à Covid-19.

É necessário respeitar o fluxo orientado pelos funcionários, ao longo do qual há estações de higienização de mãos. Pede-se aos visitantes que respeitem uma distância de 2 m entre uma pessoa e outra. A lotação é limitada a 40 visitantes a cada 30 minutos.

Quem Conta Essa História: Jornalistas Refugiados ou Refugiados Jornalistas?
Museu da Imigração - R. Visconde de Parnaíba, 1.316, Mooca, região leste, tel. 2692-1866. De 3/2 a 30/5. Qua. a dom.: das 11h às 17h. R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Aos sábados: grátis. Ingr: na bilheteria (aberta até às 16h) ou no site bit.ly/MIIngressosOnline. Capacidade: 40 visitantes a cada 30 min. Classificação: 16 anos. Mais informações em museudaimigracao.org.br

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