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Franceses burlam toque de recolher em festas e restaurantes clandestinos

País está sob restrição imposta pelo governo das 18h às 6h para controlar pandemia

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RFI

Uma das principais consequências do toque de recolher em vigor na França entre 18h e 6h foi o fim dos programas de final de dia para a população. Os jantares em restaurantes já haviam sido suspensos com o segundo lockdown, em vigor desde outubro.

Mas as medidas não impedem alguns dos adeptos da programação noturna. Além de festas clandestinas, a polícia tem descoberto cada vez mais restaurantes que funcionam apesar das restrições impostas pelo governo e do risco de serem multados.

Se no início da pandemia a imprensa francesa noticiava principalmente festas clandestinas em locais abandonados, como as raves dos anos 1990, desde que o toque de recolher passou a entrar em vigor às 18h, impedindo qualquer tipo de happy hour, é cada vez mais frequente casos de restaurantes que funcionam clandestinamente, ou comerciantes que se revoltam e abrem suas portas como se não houvesse pandemia.

Clientes almoçam em restaurante em Nice, aberto em protesto contra as medidas sanitárias - Eric Gaillard - 27.jan.2021/Reuters

Alguns donos de restaurante se rebelaram nesta segunda-feira (1°) contra as medidas sanitárias impostas na França e reabriram seus estabelecimentos. Em 27 de janeiro, um proprietário de restaurante de Nice, no sul do país, afrontou a medida que proíbe servir comida no interior dos estabelecimentos e atendeu a cem pessoas na hora do almoço, o que o levou à delegacia.

Essas reaberturas são simbólicas, e os comerciantes servem comida apenas um dia para mostrar que se sentem lesados pelas restrições impostas pelo governo, mesmo se recebem um auxílio do Estado para enfrentar a emergência sanitária.

Os restaurantes e outros negócios obrigados a fechar pela pandemia podem optar por ajudas de 10 mil euros (R$ 65 mil) por mês ou uma indenização de 20% de sua renda, com um máximo de 200 mil euros mensais (R$ 1,3 milhão). Mas muitos consideram que o dispositivo não é suficiente.

O ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, avisou que os comerciantes que infringissem as restrições seriam sancionados com o corte dessas ajudas.

Na madrugada desta segunda, a polícia surpreendeu dezenas de pessoas que participavam de uma festa clandestina em um restaurante em Gentilly, na periferia de Paris. As autoridades desconfiaram que o local funcionava apesar das restrições ao notarem que vários carros estacionavam e deixavam passageiros no local.

Mesmo reunidos ilegalmente, os participantes da festa, que não usavam máscaras de proteção, reagiram com violência à abordagem policial, atirando copos e garrafas. Um agente ficou ferido, e mais de 130 sanções foram aplicadas.

O ministro da Economia diz que os restaurantes clandestinos são casos isolados e que esses episódios são criticados por outros proprietários. Mas na semana passada, em apenas dois dias, a polícia de Paris fechou 24 restaurantes clandestinos que trabalhavam com as cortinas fechadas.

Na sexta (29), uma patrulha da polícia da capital multou dez juízes que comiam em pé em um restaurante durante o dia (algo que também é proibido, já que apenas os serviços de take away estão autorizados).

O estabelecimento fica em frente ao quartel da polícia. Os donos do restaurante alegaram que os clientes estavam apenas se protegendo da chuva enquanto esperavam suas encomendas. Mesmo assim, o local foi fechado por 15 dias.

Multados no supermercado

O toque de recolher também tem criado situações inusitadas. Como os estabelecimentos comerciais fecham suas portas às 18h, a partir da 17h começam a se formar filas nos supermercados e padarias.

Neste fim de semana, a polícia multou vários clientes que aguardavam para passar no caixa de um supermercado em Paris às 18h06. Segundo a imprensa francesa, o gerente do estabelecimento já tinha sido alertado várias vezes e deveria ter impedido que os consumidores entrassem nos minutos que antecedem o fim do expediente.

Indignados e reclamando da "falta de tolerância", alguns clientes postaram mensagens nas redes sociais contando a história. "Agora na França somos multados porque ultrapassamos 6 minutos de uma droga de toque de recolher. Será que estamos vivendo nossas últimas horas de liberdade?", questionou um dos clientes.

O desrespeito do toque de recolher é punido com uma multa de 135 euros (R$ 900).

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