Descrição de chapéu RFI

No norte da França, Dunquerque sofre com explosão de casos de Covid após Carnaval clandestino

Cidade tem 900 casos a cada 100 mil habitantes e deve enfrentar novas medidas restritivas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Dunquerque | RFI

A cidade de Dunquerque, no norte da França, enfrenta um surto de casos de Covid-19. São 900 casos a cada 100 mil habitantes, 18 vezes o nível de alerta para o território francês.

Os números tiveram um aumento vertiginoso nas últimas semanas, com a propagação da variante britânica e após festas clandestinas durante o tradicional Carnaval da cidade. Os moradores aguardam o anúncio de novas medidas restritivas para a região francesa após a visita do ministro da Saúde, Olivier Véran, nesta quarta-feira (24).

As tradicionais festas de Carnaval de Dunquerque foram oficialmente canceladas em 2021 devido ao risco de transmissão do coronavírus. A proibição, no entanto, não impediu a realização de festas clandestinas em apartamentos e outros locais privados ao longo do mês de fevereiro.

Para muitos, as comemorações são a razão do repentino aumento de casos. A cidade registra 900 casos por 100 mil habitantes, diante de uma média nacional de 105. Todos os leitos de UTI já estão ocupados.

"Há certamente uma relação entre esta vontade de viver o carnaval, o que eu compreendo perfeitamente, com este aumento da incidência do vírus em Dunquerque", afirmou Patrick Goldstein, chefe da emergência do hospital CHRU de Lille, à emissora local France3.

Em frente ao Canal da Mancha, a cidade sofre com outro agravante: a proximidade do Reino Unido. A cepa britânica do coronavírus, mais contagiosa e com infecção mais longa, já é majoritária entre os casos positivos na cidade portuária, representando 72 % dos pacientes.

Novas restrições

Diante da piora da situação, Dunquerque aguarda o anúncio de novas restrições locais após a visita do ministro da Saúde nesta quarta. Em Nice, haverá um lockdown parcial nos próximos dois finais de semana para reduzir a velocidade de transmissão do vírus.

Os moradores de Dunquerque já dão como certo o reconfinamento. "O que estamos esperando? Estamos esperando dois finais de semana que podem ser difíceis", disse uma residente. "Acho que, por conta dos hospitais, sim, ainda temos que ter muito cuidado e por conta de todos os pacientes que estão internados."

Nas lojas do centro da cidade, a ameaça de fechamento no fim de semana tira o sorriso do rosto dos trabalhadores. "Não é uma boa notícia, já que o sábado é o dia mais importante de vendas. Ainda mais desde o toque de recolher [às 18h], já que os clientes não podem vir depois do trabalho", lamentou uma vendedora.

Outros moradores já não aguentam mais as medidas restritivas, e anunciam a quebra das regras.

"Estamos fartos", disse uma jovem. "Isso é ridículo. Já faz um ano. Não vamos respeitar isso. Sairemos com máscaras, obviamente, mas sairemos de qualquer forma."

Situação preocupante

Para o governo francês, a situação sanitária do país está piorando apesar da campanha de vacinação, e mais de uma dezena de regiões estão em alerta.

Nos últimos sete dias, foram registrados 140 mil novos casos no país, quase 10% mais que na semana anterior. O número de internados nos hospitais está estável em nível alto, são 25 mil pacientes.

O porta-voz do governo, Gabriel Attal, pediu nesta quarta que a população mantenha todos os esforços possíveis para evitar um terceiro lockdown nacional. A piora da situação sanitária "exige uma ação rápida e forte para enfrentar os riscos iminentes", sublinhou.

Até o momento, mais de 85 mil pessoas morreram por conta da pandemia do coronavírus na França.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.