O que esperar do quinto e talvez último dia de julgamento do impeachment de Trump

Defesa e acusação apresentam seus argumentos finais neste sábado

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BBC News Brasil

O Senado americano vai se reunir na manhã deste sábado (13) para os procedimentos finais do julgamento de impeachment de Donald Trump.

O ex-presidente americano é acusado de incitar uma insurreição que invadiu o Capitólio americano no dia 6 de janeiro, quando legisladores estavam reunidos para certificar a vitória do presidente Joe Biden. Trump nega. A invasão deixou cinco mortos.

Donald Trump com a bandeira americana flamulando ao seu lado
Donald Trump no fim do seu discurso no comício do dia 6 de janeiro - Jom Bourg/Reuters

O julgamento de Trump pode inclusive terminar nesta tarde —e o mais provável é que Trump não seja condenado. Para que isso acontecesse, 67 dos 100 senadores teriam que votar contra Trump.

Como só contam com 50 cadeiras, os democratas precisariam convencer 17 republicanos para chegar a esse resultado. Mas apenas seis deles se mostraram dispostos a reconhecer a legalidade do julgamento contra Trump, indicando como a maioria deve votar.

O processo deve começar às 10h de Washington (12h no horário de Brasília), e a defesa e a acusação terão duas horas cada para apresentar seus argumentos finais. A expectativa é que o voto final comece às 15h do horário local, mas algumas surpresas podem acontecer ao longo do caminho.

Testemunhas podem ser convocadas a depor, por exemplo. Senadores democratas pediram por isso depois que, na noite desta sexta (12), uma deputada republicana, Jaime Herrera Beutler, declarou que outro deputado republicano lhe disse que Trump havia demonstrado apoio à insurreição em um telefonema com ele naquele 6 de janeiro.

Além disso, senadores podem querer fazer declarações antes de seu voto.

Este é o segundo julgamento de impeachment de Trump. Nas duas vezes, a Câmara aprovou seu impeachment, fazendo dele o primeiro presidente a sofrer um impeachment duas vezes.

Caso o Senado condenasse Trump agora, os senadores também poderiam decidir se ele seria impedido de concorrer a cargos políticos. Se não for condenado —como em seu primeiro processo de impeachment—, o caminho para Trump concorrer em eleições seguirá livre.

O que disse a acusação

No começo da semana, os deputados a cargo da tarefa de denunciar Trump revisitaram os passos do republicano e seus aliados que levaram ao que qualificaram como desfecho "previsível" da manifestação: a violenta tomada do Capitólio pelos manifestantes trumpistas, que resultou na morte de 5 pessoas.

Retrocederam meses para mostrar como Trump já havia estabelecido na campanha presidencial a narrativa de que só perderia para Biden se as eleições fossem roubadas.

De acordo com a acusação, depois das eleições, Trump passou a acusar o adversário de fraude, entrando com dezenas de ações judiciais em oito estados para contestar o resultado. Embora não tenha vencido os processos, as ações deram força aos apoiadores, que se diziam injustiçados e passaram a participar de protestos em que cobravam revisão do resultado, segundo a acusação.

Nesse clima, foram chamados pelo presidente americano a uma grande manifestação na capital federal, no dia da certificação dos votos pelo Colégio Eleitoral.

"Donald Trump, durante muitos meses, cultivou a violência, elogiou-a e, então, quando viu a violência de que seus apoiadores eram capazes, ele a canalizou para seu grande, selvagem e histórico evento", afirmou Stacey Plaskett, delegada legislativa das Ilhas Virgens Americanas (espécie de representante mas sem direito a voto) que faz parte da equipe de acusação.

A acusação também exibiu vídeos daquele 6 de janeiro, do comício de Trump, em que seus apoiadores gritavam "invadam o Capitólio" enquanto Trump discursava, e da própria insurreição, mostrando como os invasores chegaram perto de legisladores e até do vice-presidente americano Mike Pence.

Imagens também mostraram manifestantes gritando em busca da presidente da Câmara Nancy Pelosi quando entraram no prédio.

A defesa de Trump

Advogados de Trump apresentaram sua defesa nesta sexta (12/2) em pouco menos de quatro horas das 16 que tinham disponíveis, tentando acelerar o julgamento.

Disseram que a acusação é uma "mentira monstruosa" e que é uma "caça politicamente motivada" pelos democratas.

"Afirmar que o presidente de alguma forma desejou ou encorajou um comportamento violento ou fora da lei é uma mentira absurda e monstruosa", disse o advogado Michael van der Veen. "Na verdade, as duas primeiras mensagens que o presidente enviou via Twitter assim que a incursão no Capitólio começou foram 'Fiquem pacíficos' ​​e 'Sem violência porque somos o partido da lei e da ordem'", argumentou.

Segundo ele, quando Trump disse em seu discurso naquele dia 6 de janeiro para que seus apoiadores "lutassem como nunca", ele fazia apenas um discurso político.

Além disso, Trump tinha o direito legal de questionar os resultados das eleições, afirmou.

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