Policiais não serão acusados por morte de homem negro asfixiado nos EUA

Daniel Prude, que sofria de doença mental, morreu durante abordagem policial em março, mas caso veio à tona em setembro

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São Paulo

Os policiais responsáveis por ter encapuzado Daniel Prude, um homem negro que acabou morrendo durante a abordagem após ter a cabeça pressionada no asfalto até perder consciência, não serão acusados, afirmaram autoridades nesta terça-feira (23).

A decisão de não apresentar acusação foi de um grande júri responsável por investigar a ocorrência, segundo o New York Times.

Homenagem a Daniel Prude em rua de Rochester, no estado de Nova York
Homenagem a Daniel Prude em rua de Rochester, no estado de Nova York - Lindsay DeDario - 3.set.20/Reuters

O caso de Prude, que sofria de doença mental, em Rochester, no estado de Nova York, incendiou ainda mais os protestos antirracismo e contra violência policial que ganharam força no ano passado, após diversas pessoas negras terem morrido durante abordagens, como Breonna Taylor e George Floyd.

Registros públicos mostraram que o Departamento de Polícia de Rochester tentou ocultar as circunstâncias da morte de Prude —gravada em câmeras dos uniformes dos agentes. Após o caso, o comandante da polícia foi dispensado.

A vítima visitava o irmão em março do ano passado quando aparentemente teve um surto psicótico. Ele correu pela rua pelado e foi algemado pelos policiais. Prude havia dito a ao menos uma pessoa na rua que estava com coronavírus e, na abordagem, começou a cuspir. Os agentes então o encapuzaram.

Daniel Prude posa para foto
Daniel Prude posa para foto - Foto de família/AFP

Quando o homem negro tentou se levantar, os oficiais o forçaram com o rosto no chão, um deles empurrando sua cabeça no asfalto, de acordo com imagens da câmera no uniforme dos policiais. Prude ficou nessa posição por dois minutos e precisou ser ressuscitado, mas acabou morrendo no hospital uma semana depois.

Sua morte foi classificada como homicídio. Durante meses, relatórios policiais mostravam a causa do óbito como overdose, já que na autópsia foi encontrada a droga fenciclidina, também conhecida como pó de anjo, mas a perícia médica determinou que o motivo foi asfixia.

O caso só veio à tona em setembro. Não serão indiciados sete agentes envolvidos na morte de Prude: os policiais Josiah Harris, Francisco Santiago, Paul Ricotta, Andrew Specksgoor, Mark Vaughn e Troy Taladay, além do sargento Michael Magri.

Os casos de pessoas negras mortas durante abordagens policiais desencadearam uma série de protestos que se espalharam pelos EUA e diversos países. O assassinato de George Floyd, sufocado pelo joelho de um policial branco, em maio do ano passado, foi o estopim dos atos.

Em Rochester, as manifestações ganharam força após a divulgação das imagens da morte de Prude. Ao menos um ato pacífico com cerca de 2.000 pessoas foi reprimido pela polícia, que alegava que a manifestação era ilegal, com gás lacrimogêneo, balas de pimenta e cassetetes.

Após a ação, alguns manifestantes revidaram com pedras, garrafas e fogos de artifício.

Com The New York Times

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