Descrição de chapéu China

China e Irã assinam acordo de cooperação econômica por 25 anos

Aliados sofrem sanções dos EUA, que tentam reatar negociação com Teerã sobre acordo nuclear

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Dubai | Reuters

Os chanceleres de China e Irã assinaram neste sábado (27) um acordo de cooperação de 25 anos numa cerimônia transmitida ao vivo pela TV estatal iraniana. Ambos os países sofrem hoje sanções dos EUA.

"Nossas relações com o Irã não serão afetadas pela situação atual e serão permanentes e estratégicas", disse o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi. O acordo deve colocar o país persa na órbita do programa chinês Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês), que busca aumentar a influência externa de Pequim. A estratégia, apoiada na abundância de capital chinês, consiste em sair pelo mundo investindo sobretudo em infraestrutura, como portos e aeroportos.

Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Saeed Khatibzadeh, o documento —cujos detalhes não foram divulgados— “é um roteiro completo com cláusulas políticas e econômicas que cobrem a cooperação comercial, econômica e de transporte”, com foco na iniciativa privada.

Os chanceleres de China, Wang Yi, à esq., e Irã, Mohammad Javad Zarif, durante a assinatura do acordo de cooperação comercial
Os chanceleres de China, Wang Yi, à esq., e Irã, Mohammad Javad Zarif, durante a assinatura do acordo de cooperação comercial - Majid Asgaripour - 27.mar.21/Wana via Reuters

Em 2016, a China, o maior parceiro comercial do Irã e aliado de longa data, concordou em aumentar o comércio bilateral em mais de 10 vezes, para US$ 600 bilhões (R$ 3,4 trilhões), na próxima década.

Em meio à chamada Guerra Fria 2.0 entre EUA e China, o Irã está endurecendo sua posição em relação a Washington e aos países europeus que assinaram o acordo, em 2015, para evitar que Teerã desenvolva um arsenal nuclear. O presidente americano, Joe Biden, buscou reatar as negociações sobre o pacto, abandonado pelo ex-presidente Donald Trump em 2018, embora duras sanções econômicas permaneçam em vigor contra o país persa. O Irã insiste que as medidas sejam suspensas antes de retomar o diálogo.

Os EUA e as outras potências ocidentais que aderiram ao acordo de 2015 —Reino Unido, França e Alemanha— parecem estar em desacordo com Teerã sobre qual lado deve retornar ao pacto primeiro, tornando improvável que as sanções, prejudiciais à economia do Irã, possam ser removidas rapidamente.

Na quinta (25), o Ministério do Comércio da China disse que se esforçará para proteger o acordo e defender os interesses das relações sino-iranianas. Pequim, além de Moscou, também é um dos signatários do pacto nuclear. A China fez os comentários após a agência de notícias Reuters revelar que o Irã transferiu "indiretamente" volumes recordes de petróleo para a China nos últimos meses.

Dados alfandegários chineses não mostraram as remessas de petróleo iraniano importado nos primeiros dois meses deste ano, uma vez que o produto foi marcado como suprimentos de outros países.

Assim, apesar das sanções dos EUA, as exportações de petróleo do Irã subiram novamente em janeiro, depois de um aumento no quarto trimestre do ano passado, o que pode ser um sinal de que o fim do governo Trump esteja mudando o comportamento dos compradores. Desde o final de 2018, houve uma queda acentuada nas exportações iranianas para a China e outros clientes asiáticos.

O presidente iraniano, Hassan Rouhani, expressou apreço pelo apoio de Pequim no acordo nuclear de 2015 e pediu mais vacinas da China contra o coronavírus ao Irã, o país mais atingido pela pandemia no Oriente Médio. "Sob o novo governo, os americanos querem reconsiderar sua política e retornar ao acordo nuclear, e a China dá boas-vindas à medida", disse o chanceler chinês. "Forneceremos mais vacinas contra o coronavírus para o Irã. O Irã é nossa prioridade para as vacinas."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.