A Itália expulsou dois diplomatas da Rússia nesta quarta-feira (31), após a polícia prender um capitão da Marinha do país europeu por entregar documentos secretos a um militar russo em troca de dinheiro.
Os dois envolvidos, cujas identidades não foram divulgadas, foram detidos na noite de terça (30) em um estacionamento em Roma e acusados de “sérios crimes ligados à espionagem e à segurança nacional”.
As prisões foram pedidas por promotores após uma longa investigação realizada pela inteligência italiana com o apoio dos militares, de acordo com a polícia. Uma testemunha disse que o capitão se chama Walter Biot e aceitou 5.000 euros (R$ 33 mil) em troca da informação. A agência de notícias Reuters não conseguiu contato com Biot, que estava sob custódia, e o nome do seu advogado não foi divulgado.
A agência de notícias italiana Ansa disse que documentos da Otan (aliança militar ocidental) estavam entre os arquivos entregues, o que levanta preocupações de segurança aos demais membros da aliança.
A Itália convocou o embaixador russo no país, Serguei Razov, e expulsou dois diplomatas que estariam envolvidos no que o ministro do Exterior Luigi Di Maio chamou de “assunto extremamente grave”.
Biot, 54, é capitão de fragata, mas trabalhava no departamento do Ministério da Defesa encarregado de desenvolver a política de segurança nacional e de administrar parte das relações com aliados da Itália, afirmou à Reuters uma pessoa ligada à pasta.
Anteriormente, ele havia trabalhado na unidade de relações externas do ministério. Seu nome e foto aparecem na lista de contatos durante a presidência da União Europeia exercida pela Itália, em 2014.
"A acusação de espionagem contra oficiais italianos e russos mostra que devemos continuar a trabalhar em estreita colaboração com a Europa e os nossos aliados para melhorar constantemente os nossos meios de proteger a segurança e o bem-estar dos nossos cidadãos", disse Di Maio.
Agências de notícias russas, citando a embaixada do país na Itália, disseram que os dois diplomatas expulsos trabalhavam no gabinete do adido militar. As autoridades não informaram se o oficial do Exército que se encontrou com o capitão italiano foi um dos que precisaram deixar o país.
A Interfax, agência de notícias russa, divulgou que um parlamentar do país disse que Moscou retribuiria as expulsões, o que é padrão nesses casos. No entanto, a Rússia parece fazer questão de minimizar o incidente. O Ministério das Relações Exteriores disse lamentar as expulsões, mas que elas não ameaçam as relações bilaterais, segundo a Interfax.
Anteriormente, o Kremlin afirmou não ter informações sobre as circunstâncias do caso, mas esperava que os dois países mantivessem laços positivos e construtivos. O incidente foi o último de uma série de acusações de espionagem nos últimos meses contra russos em países europeus. A Bulgária expulsou autoridades de Moscou neste mês, após a Holanda fazer o mesmo em dezembro.
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