Descrição de chapéu Folhajus

Justiça da Bolívia pede prisão de ex-presidente Jeanine Añez por conspiração e terrorismo

Cinco ministros da ex-líder do país e ex-comandante das Forças Armadas também são alvo de ordens de detenção

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Buenos Aires

A Justiça da Bolívia ordenou nesta sexta (12) a prisão da ex-presidente Jeanine Añez por conspiração, sedição e terrorismo durante os dias que se seguiram à renúncia de Evo Morales, em novembro de 2019.

Também foram emitidas ordens de prisão a cinco ministros da ex-líder boliviana, incluindo Arturo Murillo, acusado de estar por trás da repressão a militantes do partido MAS (Movimento para o Socialismo) nos protestos realizados à época, e a Williams Kaliman, ex-comandante das Forças Armadas que pressionou Evo a renunciar.

A ex-presidente da Bolívia Jeanine Añez durante festejos pelo Dia da Independência do país, em La Paz
A ex-presidente da Bolívia Jeanine Añez durante festejos pelo Dia da Independência do país, em La Paz - Mateo Romay - 6.ago.20/Xinhua

"A perseguição política começou. O MAS decidiu voltar ao estilo da ditadura. Uma pena, porque a Bolívia não precisa de ditadores, e sim de liberdade e soluções", afirmou Añez nas redes sociais.

A denúncia foi apresentada por um bloco de deputados e ex-deputados do MAS, legenda de Evo e do atual presidente do país, Luis Arce. No processo, a Justiça responsabiliza a cúpula do governo de Añez de ter causado mais de 30 mortes na repressão aos protestos devido à saída do líder indígena.

As penas para os crimes descritos, caso sejam confirmadas, vão de 5 a 20 anos de prisão. A ordem de prisão também atinge os ex-ministros Luis Fernando López (Defesa), Yerko Núñez (Presidência), Álvaro Coimbra (Justiça) e Rodrígo Guzmán (Energia).

A TV boliviana transmitiu imagens da polícia diante da casa da ex-presidente, mas ela não foi encontrada. Coimbra e Guzmán foram detidos. Segundo a Interpol-Bolívia, os outros dois ex-ministros deixaram o país em novembro passado e estão nos Estados Unidos.

No último fim de semana, em eleições regionais, o MAS perdeu disputas em locais importantes, como o departamento de Santa Cruz de la Sierra. Ali, foi eleito governador o direitista Luis Fernando Camacho, figura que teve papel determinante para a saída de Evo —a ação, inclusive, também é contra Camacho, embora o promotor responsável pelo caso, Omar Alcides Mejillones, não tenha ordenado sua prisão.

Uma dissidente do MAS, Eva Copa, que liderou o Senado durante a gestão de Añez, ganhou a prefeitura de El Alto, importante reduto do ex-presidente. Já La Paz ficou com Iván Arias, ex-ministro do último governo. No quadro geral, porém, o MAS saiu vitorioso, pois triunfou em 5 dos 9 departamentos do país.

Em meio a pressão das Forças Armadas e de movimentos populares, cujos protestos deixaram mortos e feridos pelo país, Evo renunciou em 10 de novembro de 2019, após 13 anos no poder.

Dois dias depois da renúncia, Añez, 52, chegou ao poder em uma controversa manobra legislativa, aproveitando-se de uma brecha na legislação boliviana, uma vez que todos os que estavam na linha de sucessão direta renunciaram na sequência do ex-mandatário.

Sem ter reunido quórum nem na Câmara de Deputados nem no Senado, ela justificou que assumiria a Presidência de acordo com o que estabelece o regimento do Senado sobre a sucessão na Casa.

Segundo as regras, ante a renúncia do presidente e do primeiro vice-presidente do Senado, o regimento permitia que ela, segunda vice-presidente, assumisse o comando.

Durante todo o seu mandato de 11 meses, Añez enfrentou uma dura oposição do partido de Evo, que incluiu atos violentos e bloqueios de estradas reprimidos pelo Estado.

Ela também foi criticada pela má gestão da crise sanitária e ainda houve casos de corrupção, como a compra superfaturada de respiradores, caso que levou à prisão do então ministro da Saúde. A um mês das eleições de outubro, ela desistiu de sua candidatura, pedindo "união" contra o partido de Evo.

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