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Níger vive tentativa de golpe às vésperas de transição presidencial

Unidade militar tentou tomar palácio presidencial; nova gestão assume na sexta

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Niamei (Níger) | Reuters

Uma unidade militar tentou tomar o palácio presidencial em Niamei, capital do Níger, em uma tentativa de golpe, mas a ordem foi restaurada, disse o governo nesta quarta-feira (31), dias antes da primeira transferência de poder democrática no país.

Os golpistas, de uma base aérea próxima, fugiram depois que a guarda presidencial revidou com forte bombardeio e tiros de fuzis, segundo três fontes da segurança, que pediram anonimato.

O porta-voz do governo, Abdourahamane Zakaria, disse que várias pessoas foram presas enquanto outras ainda estão sendo procuradas, mas que a situação estava sob controle.

O presidente Mahamadou Issoufou fala com a imprensa após votar nas eleições presidenciais
O presidente Mahamadou Issoufou fala com a imprensa após votar nas eleições presidenciais - Souleymane Ag Anara - 13.dez.20/AFP

"O governo condena esse ato covarde e retrógrado que visa pôr em perigo nossa democracia e o Estado de Direito com que nosso país está decididamente comprometido", afirmou ele em entrevista coletiva.

O presidente Mahamadou Issoufou está deixando o governo depois de dois mandatos de cinco anos cada um, e o presidente eleito, Mohamed Bazoum, candidato do partido governante, deverá tomar posse na sexta-feira (2) depois de uma vitória disputada com Mahamane Ousmane.

O ex-enviado dos EUA ao Sahel J. Peter Pham escreveu em redes sociais que tanto o atual presidente quanto o eleito estão em segurança, e o gabinete postou fotos no Twitter de Issoufou presidindo a cerimônia de juramento de dois juízes graduados. A localização de Ousmane não foi informada.

Houve ataques crescentes promovidos por extremistas islâmicos, assim como protestos no país depois da vitória de Bazoum no segundo turno da eleição em fevereiro. Ousmane, um ex-presidente que perdeu a disputa, rejeitou os resultados e disse que houve fraude no pleito.

Em algumas áreas da capital, apoiadores de Ousmane foram às ruas nesta quarta para protestar e entraram em confronto com a polícia, que disparou gás lacrimogêneo para dispersá-los. Segundo testemunhas, as estradas próximas à cidade foram fechadas.

A eleição de Bazoum é a primeira transição de poder democrática num país que presenciou quatro golpes militares desde sua independência da França, em 1960, incluindo um em 1996 que derrubou Ousmane.

O ataque começou por volta das 3h locais (23h de terça em Brasília) e durou cerca de 30 minutos, segundo uma testemunha à Reuters. Às 10h, o tráfego já havia sido retomado na área, e a situação parecia normal. A embaixada dos EUA em Niamei ficou fechada durante o dia devido aos tiros ouvidos no bairro e advertiu que a situação de segurança continua incerta no período pós-eleitoral.

​O aumento da insegurança na região causado por jihadistas ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico intensificam os desafios econômicos do Níger, que incluem a seca, a pandemia de Covid-19 e os baixos preços do urânio, sua principal exportação. Um golpe no vizinho Mali em agosto do ano passado derrubou o presidente Boubacar Keita. Sob pressão de países da região, a junta cedeu o poder a um governo transitório que dirigirá o Mali até as eleições do próximo ano.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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