Líderes de 23 países e a OMS (Organização Mundial da Saúde) apoiaram nesta terça (30) a criação de um tratado para ajudar a lidar com futuras emergências sanitárias, como a pandemia do coronavírus.
O pacto, que aperta as regras de compartilhamento de informações, visa a garantir o acesso universal e igualitário a vacinas, medicamentos e exames durante tempos de crise. A ideia chegou a ser sugerida pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, em novembro. Na época, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, apoiou a medida, mas negociações formais nunca começaram, dizem diplomatas.
Nesta terça, durante entrevista coletiva, Ghebreyesus afirmou que um tratado resolveria lacunas expostas pela Covid-19 e que um projeto poderia ser apresentado aos 194 países membros da OMS na reunião anual da entidade, em maio. A organização foi criticada pelo manejo da crise sanitária e acusada pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump de ajudar a China a esconder a extensão do surto, o que o órgão nega.
Em janeiro, a OMS enviou uma equipe de especialistas a Wuhan, na China, onde a Covid-19 foi detectada pela primeira vez, para investigar a origem do coronavírus. Também nesta terça, Ghebreyesus disse que os enviados não tiveram acesso pleno aos dados e defendeu que novas investigações sejam feitas, o que levou a uma reação de EUA e aliados para que a China revele mais dados sobre o surgimento do vírus.
A proposta de um tratado recebeu o apoio formal dos líderes de Fiji, Portugal, Romênia, Reino Unido, Ruanda, Quênia, França, Alemanha, Grécia, Coreia do Sul, Chile, Costa Rica, Albânia, África do Sul, Trinidad e Tobago, Holanda, Tunísia, Senegal, Espanha, Noruega, Sérvia, Indonésia, Ucrânia e da própria OMS.
“Haverá outras pandemias e grandes emergências sanitárias. Nenhum governo ou agência multilateral pode lidar com essa ameaça sozinho”, escreveram os líderes em um artigo de opinião assinado em conjunto e publicado em diferentes jornais. “Acreditamos que as nações devem trabalhar juntas em direção a um novo tratado internacional para preparação e resposta à pandemia.”
Líderes de EUA e China não assinaram o artigo, mas Ghebreyesus afirmou que ambas as potências reagiram positivamente à proposta e que todos os países estariam representados nas negociações.
Mais tarde, em uma entrevista coletiva, a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou que o país tem algumas preocupações, em especial sobre o momento de iniciar negociações para um tratado.
Psaki disse ainda que as tratativas podem acabar desviando a atenção de problemas substanciais em relação à resposta à pandemia e preparação futura, ainda que a gestão Biden permaneça aberta à colaboração internacional.
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