Paraguaios põem fogo em sede de partido após Congresso rejeitar afastamento do presidente

Em sessão extraordinária, Câmara arquiva processo contra Abdo Benítez e vice; incêndio foi controlado

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São Paulo

Os paraguaios voltaram às ruas nesta quarta (17) para acompanhar o debate na Câmara dos Deputados sobre o pedido de afastamento do presidente, Mario Abdo Benítez, e de seu vice, Hugo Velázquez —o processo, como esperado, acabou rejeitado. Eles eram acusados de má gestão da pandemia de Covid-19 no país, que soma 186 mil casos e 3.588 mortes por coronavírus.

Após o arquivamento do pedido por 36 votos a favor, 42 contra e 2 ausências (eram necessários 53 votos para a aprovação), manifestantes e policiais se enfrentaram na região do Congresso. Fogos de artifício foram lançados contra os agentes, que responderam com balas de borracha, segundo o jornal ABC Color.

Manifestantes acendem fogo diante do Congresso Nacional em Assunção, no Paraguai - Cesar Olmedo/Reuters

O tumulto durou alguns minutos, até que as forças de segurança conseguissem retirar os manifestantes, que continuaram a detonar fogos de artifício, ainda de acordo com informações da mídia paraguaia.

O jornal La Nación publicou que a segurança interna do Congresso agiu para retirar um grupo de manifestantes que levavam objetos para usar nos protestos e que oficiais ficaram feridos. Outro grupo de policiais se deslocou para os arredores da sede do Partido Colorado, do qual faz parte Abdo Benítez. O edifício foi alvo dos manifestantes, que iniciaram um incêndio, já controlado, segundo a mídia paraguaia.

Devido ao ataque, o deputado e presidente do Partido Colorado, Pedro Alliana, questionou a gestão do comandante da Polícia Nacional, Francisco Resquín, e pediu ao presidente que o remova do cargo, de acordo o jornal La Nación. “Infelizmente, o comandante não nos deu ouvidos. Falamos com o Ministro do Interior, não é a primeira vez que a sede é atacada", disse ele. "Lamentamos terrivelmente esses eventos de vandalismo. A violência nunca será a maneira correta de mostrar preocupações."

Ao menos 30 pessoas foram detidas após os atos, de acordo com o La Nación, e um policial teve uma fratura no pé. Não houve feridos graves. O jornal paraguaio publicou ainda a ocorrência de saques a supermercados e vandalismo a carros estacionados.

A discussão do pedido de afastamento do presidente e de seu vice começou mais cedo nesta quarta, após o deputado Basilio Núñez, líder da bancada do Honor Colorado, corrente majoritária do Partido Colorado, requisitar uma sessão extraordinária para debater o quanto antes as acusações e arquivá-las.

A solicitação de abertura do processo foi feita pela oposição, que é minoria na Câmara.

As deputadas da oposição Celeste Amarilla, do Partido Liberal Radical Autêntico, e Kattya González, do Partido do Encontro Nacional, ficaram encarregadas de ler as denúncias. A exposição foi feita sob certa improvisação devido à realização da sessão sem programação prévia.

Elas tentaram ainda, sem sucesso, uma manobra, já que sabiam ser difícil conquistar a maioria no Congresso para dar andamento ao processo. Assim, solicitaram que o pedido fosse encaminhado primeiro para avaliação na Comissão de Assuntos Constitucionais para depois ser submetido ao plenário.

Ambos os pedidos focavam as demandas das ruas. A insatisfação está relacionada à falta de insumos básicos nos hospitais e centros de saúde, como analgésicos. A oposição questiona o governo por ter solicitado empréstimo internacional de US$ 1,6 milhão para comprar insumos que, por ora, não chegaram.

Também não foi apresentado um plano nacional de vacinação —chegaram ao Paraguai apenas 4.000 doses do imunizante russo Sputnik V e 20 mil doses da chinesa Coronavac vendidas pelo governo chileno. Pouco para os 7 milhões de habitantes do país. A vacinação ainda não chegou nem a 0,1% da população.

Outra base para o pedido de afastamento seria o pagamento incorreto de US$ 6,8 milhões, 15% do total de US$ 45,6 milhões, para a compra de vacinas pelo Covax, consórcio internacional que enviará vacinas para mais de cem países no mundo.

Segundo a acusação, a quantia teria sido transferida para a conta errada duas vezes. O Ministério da Saúde Pública e Bem Estar Social negou que o erro tenha sido cometido, segundo o jornal La Nación.

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