Descrição de chapéu Caixin China Coronavírus

Velocidade de vacinação na China é grande preocupação, dizem especialistas

País deve produzir imunizante suficiente para toda a população, mas aplicação das doses segue em ritmo lento

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Lu Zhenhua Lin Ting
Caixin

A China deve acelerar o ritmo da vacinação contra a Covid-19 para superar a brecha de imunidade na população, advertiu o epidemiologista Zhang Wenhong, diretor do Departamento de Doenças Infecciosas do Hospital Huashan em Xangai.

Zhang disse em um evento online organizado pelo Brookings Institution de Washington (EUA) na segunda-feira (1º) que a China tem capacidade suficiente de produção de vacinas para Covid-19, mas o ritmo da vacinação é uma "grande preocupação".

Foto mostra uma sala de vacinação em Macau, China, com duas mulheres que se preparam para vacina um homem. A porta de entrada tem inscrições em chinês e português.
Espaço de vacinação contra a Covid-19 em Macau, no sul da China - Cheong Kam Ka/Xinhua

Segundo o epidemiologista, a produção de imunizantes no país deverá aumentar para 2,1 bilhões até o fim do ano, o suficiente para fornecer mais do que uma dose por pessoa para toda a população.

"Por isso, não acho que precisamos nos preocupar com a capacidade da China", disse ele. Mas acrescentou: "Minha grande preocupação é sobre a velocidade da administração das vacinas".

Mesmo com 10 milhões de doses sendo aplicadas diariamente, ele avaliou que levará até sete meses para vacinar quase 70% da população, nível considerado necessário para alcançar a imunidade de rebanho.

A imunidade de rebanho ocorre quando uma alta porcentagem da comunidade adquire defesas contra a doença por meio de vacinação e/ou doença anterior, tornando improvável a disseminação entre pessoas.

Nesse cenário, até indivíduos não vacinados teriam certa proteção porque a doença teria pouca oportunidade de se espalhar pela comunidade.

A porcentagem de pessoas que precisam estar imunes para se alcançar a imunidade de rebanho varia conforme a doença. Por exemplo, contra o sarampo é necessário que cerca de 95% da população estejam vacinados, enquanto para poliomielite o número é de aproximadamente 80%. A barreira para Covid-19 não é conhecida, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Citando fontes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China (CDC), o também epidemiologista Zhong Nanshan disse no mesmo evento que a China planeja vacinar cerca de 40% de toda a população até o final de junho.

"Isso seria bom, mas ainda é preciso tempo para alcançar a chamada imunidade de rebanho", afirmou.

"O ponto chave em todo o mundo é que as pessoas recebam a vacina o mais cedo possível", disse Zhong, que dirige um grupo de especialistas na Comissão Nacional de Saúde da China. "Quanto mais tempo demorar para a população ser imunizada, maior a probabilidade de mutação do vírus. Esse é um grande problema."

Ele pediu que o mundo "acelere a produção de todas as vacinas e prepare algum novo tipo que funcione contra as variantes do vírus".

Desde 9 de fevereiro, a China administrou ao todo 41 milhões de doses de vacinas contra a Covid, segundo Zhang, também chefe da equipe de especialistas anti-Covid de Xangai. Isso equivale a quase 2 milhões de doses por dia, mas Zhang disse que o país deveria administrar pelo menos 5 milhões por dia para terminar antes de junho.

Segundo os dados de vacinação global do site britânico Our World in Data, a China tinha vacinado 3,56% da população em 27 de fevereiro. Israel havia vacinado 92,46%, os Emirados Árabes Unidos, 60,82%, o Reino Unido, 30,13% e os Estados Unidos, 22%.

"A estratégia atual da China é promover o estabelecimento do esforço global de imunização em um esquema coordenado internacionalmente", disse Zhang. "Enquanto isso, vamos garantir que nossas estratégias de vacinação sejam aperfeiçoadas gradualmente."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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