Descrição de chapéu The New York Times

YouTube se nega a tirar do ar vídeo de ataque a tiros que deixou 10 mortos nos EUA

Plataforma inclui avisos de 'conteúdo inapropriado', mas autoriza imagens que mostram corpos de vítimas

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The New York Times

O YouTube disse que não vai tirar do ar um vídeo filmado por uma testemunha do massacre ocorrido na segunda-feira (22) no supermercado King Soopers em Boulder, no Colorado, que inclui imagens de corpos estirados no chão.

Os espectadores precisam clicar sobre dois avisos para poderem assistir ao vídeo. Os alertas declaram que “este vídeo pode ser inapropriado para alguns espectadores” e que “o conteúdo foi identificado pela comunidade do YouTube como inapropriado ou ofensivo para alguns públicos”.

No passado, o YouTube e outras redes que aceitam vídeos, como Twitter e Facebook, tiraram do ar postagens que continham violência explícita, como em 2019, quando um atirador em Christchurch, na Nova Zelândia, transmitiu seu próprio massacre ao vivo. Mas o YouTube disse em comunicado na quarta-feira (24) que o vídeo feito em Boulder foi revisto e será autorizado a continuar online.

Homem chora diante de memorial às vítimas do ataque a tiros em Boulder, no Colorado - Alyson McClaran - 24.mar.21/Reuters

“Conteúdos violentos feitos com a intenção de chocar ou repugnar os espectadores, assim como discurso de ódio, não são permitidos no YouTube, e devido a isso já tiramos do ar uma série de vídeos por infringirem nossas políticas”, disse no comunicado uma representante da empresa, Elena Hernandez.

“Permitimos certos conteúdos violentos ou explícitos que tenham contexto noticioso ou documental suficiente, e por essa razão aplicamos uma restrição etária a este conteúdo em particular. Vamos continuar a monitorar esta situação, que está mudando rapidamente.”

O YouTube disse que leva diversos fatores em conta quando decide sobre a remoção de um vídeo, incluindo se ele contextualiza a violência, se a violência é o foco principal do vídeo e se o texto que o acompanha indica uma intenção de chocar ou repugnar os espectadores.

O vídeo de três horas de duração do supermercado, feito por um espectador chamado Dean Schiller que afirmou ter um amigo no interior da loja, começa com Schiller filmando com zoom um corpo no estacionamento. Ouvem-se tiros enquanto ele entra na loja e enfoca um corpo estirado perto da entrada.

Ao longo de uma hora ele filma a situação, posicionado atrás de carros, grades e árvores, rejeitando ordens da polícia para se afastar da área e capturando a resposta dos agentes do lado de fora do prédio.

Schiller se identifica várias vezes à polícia como jornalista e resiste a policiais que, após cerca de 90 minutos, o levam atrás da fita amarela da polícia, onde jornalistas normalmente se posicionam. Antes disso, sua proximidade permitia aos espectadores acompanharem diretamente o desenrolar dos fatos, incluindo imagens de um homem algemado e com a perna ensanguentada sendo levado por policiais.

Alguns espectadores criticaram o vídeo por mostrar imagens explícitas de corpos e por especular sobre as motivações. O vídeo já havia sido visto mais de 700 mil vezes no YouTube até a manhã da quarta-feira. Segundo o jornal The Gazette, de Colorado Springs, em determinado momento, mais de 30 mil pessoas estavam assistindo ao vídeo simultaneamente.

Schiller, que não tem vínculos com nenhuma organização noticiosa, descreve-se como jornalista cidadão e é bem conhecido pela polícia de Boulder. Segundo o Gazette, ele processou a prefeitura da cidade em 2019 depois de ser detido por filmar dentro da cadeia do condado e nas proximidades.

Tradução de Clara Allain 

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