Ação de ultranacionalistas israelenses deixa mais de 100 palestinos feridos

Mais de 50 pessoas foram presas após noite de violência em Jerusalém

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Jerusalém | AFP e Reuters

Ao menos 100 palestinos e cerca de 20 policiais israelenses ficaram feridos durante a madrugada desta sexta (23), após uma noite de confrontos entre judeus de extrema direita, palestinos e policiais em Jerusalém. Os distúrbios ocorreram em meio ao ramadã, o mês mais sagrado para os muçulmanos.

A ação levou a polícia israelense a deter mais de 50 pessoas. Na noite de quinta (22), israelenses ultranacionalistas fizeram uma marcha, organizada pelo movimento judaico de extrema direita Lahava, em direção ao Portão de Damasco, entoando gritos de "morte aos árabes" e "morte aos terroristas".

Chamas em rua onde ocorreu confronto entre judeus extremistas e palestinos, próximo ao Portão de Damasco
Chamas em rua onde ocorreu confronto entre judeus extremistas e palestinos, próximo ao Portão de Damasco - Ahmad Gharabli - 22.abr.21/AFP

A manifestação foi vista como uma provocação e rapidamente gerou confrontos com palestinos que retornavam das orações noturnas na Esplanada das Mesquitas, onde fica a mesquita sagrada de Al-Aqsa.

Palestinos se reuniram na entrada da Cidade Antiga, localizada no leste de Jerusalém, e os policiais que escoltavam o protesto tentaram manter os grupos separados —jovens palestinos que lançaram fogos de artifício e atearam fogo em latas de lixo, e israelenses ultranacionalistas que gritavam frases anti-árabes.

Os agentes então começaram a dispersar os manifestantes com o uso de gás lacrimogêneo e de canhões de água. À agência de notícias AFP um participante da marcha ultranacionalista, David, 40, disse que morava longe de Jerusalém, mas decidiu ir ao local do ato para "apoiar seu próprio povo".

Desde o início do ramadã, em 13 de abril, houve uma série de confrontos violentos entre palestinos e israelenses. Os palestinos dizem que a polícia tentou impedi-los de realizar suas reuniões noturnas do lado de fora do Portão de Damasco.

As forças de segurança, por sua vez, argumentam que a medida faz parte dos esforços para garantir que os muçulmanos cheguem com segurança ao principal local de oração islâmica, na mesquita de Al-Aqsa.

Nesta sexta-feira (23), a violência deu lugar a uma relativa calma. Sem confrontos, 60 mil fiéis seguiram para as orações do meio-dia na mesquita de al-Aqsa

O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, denunciou os confrontos e pediu à comunidade internacional que "proteja" os palestinos de Jerusalém Oriental.

Em discurso no Conselho de Segurança na quinta, o enviado especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para o Oriente Médio, Tor Wennesland, pediu que a tensão seja contida. A Jordânia condenou as provocações realizadas pelos grupos judeus extremistas e pediu a Israel para conter o assédio aos habitantes da Cidade Antiga de Jerusalém e para acabar com as restrições de acesso a Al Aqsa.

Nesta sexta, em uma entrevista à TV israelense Kan, o prefeito de Jerusalém, Moshe Lion, disse que estava conversando com líderes palestinos de Jerusalém Oriental para encerrar "esta violência inútil" que ocorre a um mês das eleições legislativas palestinas.​

Em 22 de maio, os palestinos organizam seu primeiro pleito em 15 anos. Abbas e países europeus pediram a Israel uma permissão para que as votações sejam realizadas no país e que candidatos façam campanha em Jerusalém Oriental, onde vivem 300 mil palestinos sob controle israelense.

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