Já não era hora de criança estar acordada na noite deste domingo (18), quando o chefe de governo da cidade de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, um opositor do governo nacional, anunciou que haveria aulas presenciais nesta segunda-feira (19) na região metropolitana de Buenos Aires.
A permissão da volta às escolas foi possível devido a uma liminar que favorece o governo local e contraria a determinação do presidente Alberto Fernández, feita por meio de um decreto de necessidade e urgência.
O mandatário havia mandado suspender as aulas presenciais por duas semanas, além de estabelecer um toque de recolher (das 20h às 6h) devido ao aumento de casos de coronavírus. O país vive o que especialistas consideram ser uma segunda onda, com um total de 2.714.475 contágios e 59.476 mortes.
Nas primeiras horas da manhã, o ambiente em Buenos Aires era de confusão. Havia trânsito, já que o transporte público limitado a trabalhadores essenciais levou mais carros às ruas.
Em algumas escolas, os alunos apareceram em massa. Nem todos os professores, porém, acataram a decisão da cidade e preferiram se ater ao decreto presidencial. Alguns sindicatos declararam greve até que se esclareça a situação.
Assim, os pátios de algumas escolas estiveram cheios de alunos que não tinham professores. Em outras que também decidiram acatar o decreto, pais realizaram "abraços", cercando a área dos colégios com bandeiras da Argentina e cartazes a favor da volta às aulas.
Por volta de meio-dia, foi realizado um buzinaço com ônibus escolares em frente à residência oficial do presidente. No fim do dia, também houve aglomeração de pais e filhos no local, pedindo o restabelecimento das atividades escolares. O governo nacional criticou a decisão da Justiça local e apelará para que as aulas sejam novamente interrompidas. "Uma medida sanitária do governo nacional não pode ser suspensa por um tribunal de Buenos Aires, que é um fórum local, sem competência para resolver questões federais", disse o ministro da Justiça, Martín Soria.
A novela, agora, segue para a Corte Suprema de Justiça, que analisará o caso e determinará se as aulas voltam ou não. Apesar de não haver prazo máximo para decidir sobre a questão, uma das juízas, Elena Highton, afirmou que tem pressa e que ditará uma sentença em cinco dias.
O governo de Alberto Fernández tem adotado uma série de medidas para tentar conter o espalhamento do vírus. Bares e restaurantes, por exemplo, não podem mais funcionar entre 23h e 6h.
Apenas trabalhadores essenciais podem circular nesse período do dia, e o transporte público voltou a ficar limitado a esse grupo, composto por pessoas da área da saúde, do comércio e da indústria de alimentos e de combustível, além de políticos, diplomatas e jornalistas.
As viagens em grupo também foram proibidas após uma série de casos de jovens contaminados em excursões de formatura para o México e para Bariloche. A Argentina já havia reduzido a entrada e a saída do país para apenas 2.000 pessoas por dia e suspendido voos com Brasil, México, Chile e Reino Unido.
As atividades sociais em domicílios e em espaços públicos com até 20 pessoas foram proibidas, e o funcionamento de cassinos, bingos, discotecas e salões de festas está suspenso. Essas medidas valem até o fim de abril.
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