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Em carta a Biden, governadores pedem parcerias com estados contra emergência climática

Documento foi assinado por 24 mandatários; movimento é contraponto à gestão ambiental de Bolsonaro

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Recife

Às vésperas da Cúpula de Líderes sobre o Clima, governadores de 24 estados brasileiros encaminharam uma carta ao presidente dos EUA, Joe Biden, pedindo parcerias estratégicas para impulsionar o equilíbrio climático.

O governo brasileiro sofre grande desgaste internacional na área ambiental em razão do aumento do desmatamento da Amazônia, dos incêndios no Pantanal e da ausência de ações concretas de preservação.

Queimada em área desmatada no município de Humaitá, no sul do Amazonas
Queimada em área desmatada no município de Humaitá, no sul do Amazonas - Lalo de Almeida - 20.ago.20/Folhapress

Só os governadores de Roraima, Antônio Denarium (sem partido); de Rondônia, Coronel Marcos Rocha (PSL), e de Santa Catarina, Daniela Reiner (sem partido), interina no cargo, não assinaram o documento.

Na carta, entregue em encontro virtual na tarde desta terça (20) ao embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, os governadores destacam que representam estados que compreendem mais de 90% do território nacional. “A coalizão Governadores pelo Clima, ampla e diversa, envolvendo progressistas, moderados e conservadores, de situação e de oposição, sinaliza o desejo do Brasil por união e construção colaborativa de soluções em defesa da humanidade e de todas as espécies de vida que estão ameaçadas pela degradação de ecossistemas”, diz o documento.

Os governadores pedem implementações de ações conjuntas entre os EUA e os estados brasileiros e ressaltam a necessidade de reflorestamento para que o aumento da temperatura global não ultrapasse 1,5 ºC até o fim do século. “A humanidade precisa reflorestar uma área do tamanho do território dos EUA. Nesse desafio, o Brasil pode ampliar o verde da Terra não apenas na Amazônia, mas também em biomas de grande capacidade de captura de carbono, inestimável biodiversidade e relevância socioeconômica."

O grupo menciona os incêndios no Pantanal em 2020 e diz que a parceria com os EUA pode somar capacidade técnica, grandes áreas regeneráveis de terra e governanças locais, com investimentos da economia americana.

“Nossos estados possuem fundos e mecanismos criados especialmente para responder à emergência climática, disponíveis para aplicação segura e transparente de recursos internacionais, garantindo resultados rápidos e verificáveis”, declaram.

Bolsonaro tem sido criticado mundialmente tanto pelas políticas ambientais do governo brasileiro como pelo agravamento dos números da pandemia no país. "A terrível pandemia atual, somada à urgência climática, exige ações imediatas para evitar novas doenças em escala planetária, tendo como princípio a união de nações, conhecimentos, capacidades e, sobretudo, solidariedades e sonhos que nos elevem a um novo patamar de sabedoria coletiva", destacam.

O presidente já atacou ONGs que atuam na preservação da floresta amazônica e é crítico de lideranças indígenas. Ações de países estrangeiros sobre o tema foram no passado rechaçadas por Bolsonaro por serem, na visão do mandatário, uma interferência na soberania do Brasil sobre o bioma.

No fim do ano passado, com a apuração presidencial nos EUA já apontando vantagem para Biden, Bolsonaro disse que o mundo estava de olho no Brasil porque “ninguém tem o que nós temos”. ​“O mundo está de olho em nós. Nós temos o que eles não têm. E, para que possamos dizer que isso é nosso, isso passa pela união dos 210 milhões de brasileiros”, declarou, na época. Na campanha presidencial, ao se referir à Amazônia, Biden havia dito que "a floresta tropical no Brasil está sendo destruída".

A Cúpula de Líderes sobre o Clima, convocada por Biden, ocorre nos dias 22 e 23 de abril. Os americanos querem que Bolsonaro afirme que não vai mais tolerar o desmatamento ilegal no Brasil e apresente um plano concreto para diminuir o desmatamento. Como mostrou a Folha, o presidente brasileiro avalia anunciar mais recursos para agências como Ibama e ICMBio, mas enfrenta resistência do Ministério da Economia, que não quer ampliar despesas em meio à pandemia e à crise fiscal.

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