O primeiro-ministro da França, Jean Castex, anunciou nesta terça-feira (13) a suspensão de todos os voos relacionados ao Brasil devido ao atual cenário da pandemia de coronavírus no país.
"Percebemos que a situação está piorando e decidimos, portanto, suspender todos os voos entre Brasil e França até novo aviso", disse Castex.
A suspensão era uma demanda recorrente de médicos e autoridades de saúde da França, além de uma exigência de membros da oposição ao governo do presidente Emmanuel Macron. Ainda não está claro, porém, quando a medida anunciada por Castex entrará em vigor.
No mês passado, o ministro da Saúde francês, Olivier Verán, disse que cerca de 6% dos casos de Covid-19 no país eram decorrentes das variantes mais contagiosas encontradas no Brasil e na África do Sul. Já a variante britânica, segundo o ministro, era responsável por 60% das novas infecções.
Embora a cifra relacionada à cepa brasileira ainda seja considerada pequena, existe a preocupação de que uma situação aparentemente inofensiva possa se agravar muito rapidamente.
A França registrou mais de 5,1 milhões de casos e se tornou, nesta terça, o oitavo país a ultrapassar a marca de 100 mil mortes por coronavírus, de acordo com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins. O Brasil, por sua vez, soma 13,5 milhões de casos e mais de 354 mil óbitos.
A comparação entre os dois países levando em conta o tamanho de suas populações mostra que a média móvel de casos é maior na França. Segundo o site Our World in Data, o país de Macron registra, até esta segunda (12), índice de 490,89 novos casos diários por milhão de habitantes. Já o Brasil registra 338,87.
A taxa de transmissão do coronavírus na França também é maior que a do Brasil. O número indica para quantas pessoas, em média, cada infectado transmite o vírus; quando está acima de 1, significa que a velocidade de contágio é crescente. No caso francês, a taxa é de 1,23. Isso significa que cada 100 infectados por coronavírus no país contaminam outros 123, que, por sua vez, infectam mais 160, que contagiam 197 e assim sucessivamente, espalhando a doença de forma cada vez mais rápida. A taxa do Brasil é 1,01, o que significa, segundo o índice, que a transmissão é mais lenta, mas ainda progressiva.
No Brasil, porém, morre-se mais por Covid. A média móvel de mortes entre os brasileiros —14,7 por milhão— é mais que o triplo da registrada entre os franceses (4,8). A campanha de imunização na França, onde pesquisas chegaram a registrar quase 60% de rejeição às vacinas, avança um pouco mais rapidamente do que no Brasil, onde 84% dizem que pretendem tomar o imunizante contra a Covid-19, segundo o Datafolha.
O Brasil aplicou mais de 27,4 milhões de doses desde o início de sua campanha, e a França, 14,5 milhões. Proporcionalmente, o país europeu vacinou mais: são 213,31 doses a cada mil habitantes, enquanto o índice no Brasil é de 129,06.
Segundo dados da Iata (associação internacional de transporte aéreo), 22 países, incluindo agora a França, impõem restrições específicas ao Brasil. A soma considera os locais que baniram a entrada de passageiros que estiveram nesses países antes da viagem ou que vetaram voos vindos a partir deles.
Em levantamento feito pela Folha no início de março que analisou 150 países, o Brasil tinha 17 restrições de entradas em outras nações e estava atrás apenas do Reino Unido, que somava 25 países com impedimentos aos britânicos. A França era a sétima da lista, com dez países.
Países que impõem barreiras ao brasil
- Alemanha
- Arábia Saudita
- Argentina
- Austria
- Bangladesh
- Cidade do Vaticano
- Colômbia
- Espanha
- EUA
- França
- Holanda
- Irã
- Itália
- Japão
- Marrocos
- Omã
- Paquistão
- Peru
- Reino Unido
- San Marino
- São Martinho
- Turquia
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