Descrição de chapéu oriente médio

Irã diz que ato terrorista causou incidente em usina nuclear

Rádio pública de Israel afirma que agência de espionagem do país é responsável por ciberataque

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Jerusalém e Dubai | Reuters

Um ato de terrorismo provocou um incidente na usina nuclear subterrânea de Natanz neste domingo (11), disse o chefe nuclear do Irã, Ali Akbar Salehi. Os iranianos não culparam ninguém diretamente, mas as suspeitas caíram sobre Israel, que já sabotou a indústria nuclear do país persa em outras oportunidades —tanto com ciberataques quanto com o assassinato de cientistas nos últimos anos.

Os israelenses não negam nem confirmam a ação deste domingo, mas a rádio pública Kan citou fontes de inteligência para afirmar que o Mossad, a agência de espionagem do país, havia realizado um ataque cibernético contra a instalação de Natanz. A emissora disse ainda que os danos à usina eram maiores do que os relatados pelo Irã.

Instalação de enriquecimento de urânio de Natanz, a 250 quilômetros de Teerã, em março de 2005
Instalação de enriquecimento de urânio de Natanz, a 250 quilômetros de Teerã, em março de 2005 - Reuters

No ano passado, Teerã acusou Israel de ter assassinado o principal cientista nuclear do país, morto em uma emboscada —e o país também não confirmou nem negou a autoria da ação. "Ao mesmo tempo em que condena esse movimento desprezível, o Irã enfatiza a necessidade de a comunidade internacional lidar com esse terrorismo nuclear", disse Salehi, para quem Teerã tem o direito de revidar. Numa cerimônia com o Exército e chefes de inteligência, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, não fez referência direta a Natanz, mas disse que "a luta contra a nuclearização do Irã é uma tarefa enorme".

Na manhã deste domingo, o porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã disse que um problema com a rede de distribuição elétrica havia causado o mau funcionamento da usina, mas descartou a existência de vítimas e o risco de contaminação. O episódio ocorre um dia depois de Teerã inaugurar novas centrífugas avançadas de enriquecimento de urânio no local.

A instalação, localizada no deserto da província de Isfahan, é a peça central do programa de enriquecimento de urânio do Irã e é monitorada por inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), órgão ligado à ONU (Organização das Nações Unidas). Enquanto supervisionava a inauguração de centrífugas no sábado (10), o presidente do Irã, Hassan Rouhani, reiterou o compromisso do país com a não proliferação nuclear. Questionado sobre o incidente, um porta-voz da AIEA disse por email que o órgão está “ciente dos relatos da mídia”, mas por ora não fará comentários.

Em julho do ano passado, a instalação de Natanz sofreu um incêndio, que o governo disse ser uma tentativa de sabotar o programa nuclear do país. Teerã e Washington trabalham atualmente para tentar reviver o acordo nuclear de 2015 —na semana passada, representantes dos dois países iniciaram negociações indiretas mediadas pelos europeus em Viena.

Estavam presentes representantes de Reino Unido, China, França, Alemanha e Rússia (os outros membros atuais do acordo) e o coordenador-chefe da União Europeia. Sem negociações cara a cara —o Irã se recusou a se encontrar diretamente com os EUA—, os europeus trabalham numa espécie de diplomacia intermediária, deslocando-se entre as delegações dos dois países.

Na cerimônia de inauguração das centrífugas, o presidente iraniano repetiu que a indústria nuclear do país tem fins pacíficos. “Mais uma vez, enfatizo que todas as nossas atividades nucleares são pacíficas e para fins não militares. Continuamos comprometidos com o tratado de não-proliferação nuclear.”

As discussões em Viena visam restaurar os pontos centrais do acordo —restrições às atividades nucleares do Irã em troca da suspensão das sanções impostas pelos EUA.

Oficialmente, tanto Irã quanto EUA insistem que querem voltar ao tratado, mas discordam sobre quem deve dar o primeiro passo. Por isso, as negociações atuais também têm como objetivo criar um roteiro para um retorno sincronizado ao cumprimento do pacto. Mesmo que haja acordo, a verificação ainda pode demorar algum tempo devido às complicações técnicas e à falta de confiança de ambas as partes.

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