Jordânia detém cerca de 20 pessoas e afirma que ex-herdeiro quer desestabilizar país

Em vídeo, Hamza bin Hussein diz estar em prisão domiciliar e nega participação em suposta conspiração

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Amã (Jordânia) | Reuters

Autoridades da Jordânia prenderam neste sábado (3) cerca de 20 pessoas e limitaram a movimentação do ex-príncipe herdeiro Hamza bin Hussein em meio a um contexto que oficiais chamaram de "uma ameaça à estabilidade do país", relatou o jornal americano The Washington Post.

As Forças Armadas da Jordânia também pediram, por meio de um comunicado divulgado pela agência de notícias estatal, que Hamza, meio-irmão do rei Abdullah, abandonasse as ações que miram a "segurança e a estabilidade do país". De acordo com os militares, há uma ampla investigação em andamento na qual um ex-ministro, um membro da família real e outras pessoas não identificadas foram detidas.

"O que tem sido publicado sobre a prisão de sua alteza, o príncipe Hamza, não é verdade, mas ele foi alertado a suspender as atividades que miram a estabilidade da Jordânia", disse o chefe das Forças Armadas, Yusef Huneity. Duas pessoas próximas da situação disseram à agência de notícias Reuters que forças de segurança chegaram à casa de Hamza e iniciaram uma apuração.

O ex-príncipe da Jordânia Hamzah Bin Al-Hussein durante evento em Aman
O ex-herdeiro da Jordânia Hamza bin Hussein durante evento em Amã - Khalil Mazraawi - 9.set.15/AFP

Em um vídeo repassado à BBC por seu advogado, Hamza afirma que está em prisão domiciliar e que foi dito a ele para permanecer em casa sem se comunicar com ninguém. Na gravação, ele denuncia o sistema em vigor como corrupto e nega fazer parte de qualquer conspiração estrangeira, já que especula-se que as ações deste sábado estejam relacionadas a um plano para desestabilizar o país.

Uma ex-autoridade dos EUA com conhecimento das ações na Jordânia afirma que o suposto plano não envolveria um "golpe físico", mas protestos que pareceriam ser uma "insurgência popular nas ruas".

Segundo a agência de notícias estatal, estão entre os detidos na operação deste sábado Sharif Hassan Ben Zaid, um membro da família real, e Bassem Awadallah, um confidente do rei que depois se tornou ministro das Finanças e conselheiro do príncipe saudita Mohammad Bin Salman, o que levantou a hipótese de a Arábia Saudita ter algum tipo de envolvimento num suposto plano na Jordânia.

Após as detenções, a corte real saudita expressou total apoio ao rei Abdullah, assim como Egito, Líbano e o Barein. O Departamento de Estado dos EUA, um importante aliado da Jordânia, disse que Abdullah é um "parceiro-chave" de Washington e tem todo o apoio.

Prisões de autoridades de alto nível e de membros da família real são raras na Jordânia, vista como um dos países árabes mais estáveis. Hamza, que foi criado por sua mãe, a rainha Noor, para suceder o antigo rei Hussein, foi marginalizado após ser descartado por Abudullah como opção ao trono, em 2004, um movimento que consolidou seu poder.

Desde então, Hamza tenta ganhar popularidade entre tribos proeminentes do país, e figuras da oposição têm se aproximado dele, algo visto com reservas pelo atual monarca. Abdullah sucedeu seu pai, o rei Hussein, que liderou a Jordânia por quase cinco décadas.

A tradição da dinastia Hashemite, sob a Constituição de 1952, dá ao filho mais velho o direito de assumir o trono, mas o monarca conserva a opção de nomear um irmão. O rei Abdullah conseguiu trazer estabilidade política para o país e ganhar estatura como um proeminente líder árabe cuja mensagem encontrou eco especialmente em fóruns ocidentais.

Awadallah, que era a força motriz por trás de reformas econômicas antes de se demitir como chefe da corte real em 2008, há muito enfrenta forte resistência de uma velha guarda e de uma burocracia entrincheirada que floresceu por anos com regalias do governo.

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