Descrição de chapéu Páscoa

Líder em vacinação, Israel celebra Páscoa com centenas de fiéis em Jerusalém

Igreja do Santo Sepulcro, que fechou as portas no ano passado, voltou a receber visitantes

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Jerusalém e Roma | AFP

Num canto da Igreja do Santo Sepulcro, as lágrimas da filipina Angèle Pernecita revelam o fervor que toma Jerusalém na Páscoa. O templo, considerado um dos lugares mais sagrados do cristianismo, fechou as portas pela primeira vez em cem anos no feriado cristão em 2020.

Um ano depois, Israel é líder no ranking global de imunização —54% de sua população já tomou as duas doses da vacina, segundo o jornal The New York Times. O sucesso da campanha permitiu que centenas de fiéis, assim como Pernecita, que já foi imunizada, pudessem caminhar pelos paralelepípedos da Cidade Velha na Sexta-Feira Santa (2), recordando a crucificação de Cristo.

No interior da igreja, as orações ecoaram como não ocorria havia meses, e alguns fiéis não hesitaram em tocar e até mesmo abraçar, com ou sem máscara, a Pedra da Unção, placa de calcário avermelhado que, segundo a tradição, é o local sobre o qual Jesus foi embalsamado antes de ser sepultado.

Em 2020, a dona de casa de 46 anos, que mora em Israel há mais de dez anos, acompanhou as missas pela internet. Naquela altura, o governo israelense havia acabado de ordenar o fechamento dos locais sagrados, além de escolas e empresas, para limitar a propagação do coronavírus. Assim, a Igreja do Santo Sepulcro ficou fechada durante a Páscoa pela primeira vez em pelo menos um século.

"Hoje é como viver de novo", afirmou Lina Sleibi, uma palestina que vive em Jerusalém e que no ano passado celebrou o feriado religioso sem ir à igreja e sem se encontrar com a família. "Foi difícil, era como se a cidade estivesse morta", disse a mulher de 28 anos que canta durante as missas em Belém.

No ano passado, apenas quatro religiosos subiram pela Via Dolorosa, caminho onde Jesus, segundo os Evangelhos, encontrou sua mãe, caiu, recebeu ajuda para carregar a cruz e viu mulheres chorando. Agora, a procissão de algumas centenas de fiéis, conduzida por dezenas de religiosos cantando em várias línguas, deu vida a essa longa artéria que atravessa a Cidade Velha e suas ruelas milenares.

"É como se nós mesmos estivéssemos em um túmulo no ano passado e agora estivéssemos saindo dele", afirmou Angleena Keizer, uma pastora britânica.

Embora as restrições contra o coronavírus estejam sendo gradualmente retiradas devido à rápida campanha de imunização, os turistas ainda não têm permissão para retornar à Terra Santa. Normalmente, milhares de peregrinos de todo o mundo se reúnem neste período do ano na Cidade Velha. Em 2019, mais de 25 mil pessoas se reuniram em Jerusalém para celebrar o Domingo de Ramos, que inaugura a Semana Santa, segundo o Patriarcado Latino de Jerusalém.

Bader Rabadi, um cristão palestino de Jerusalém, também está feliz por poder passar o feriado sem confinamento, mas espera o momento em que o país possa receber seus correligionários do exterior. "Jerusalém não é nossa, é de todos", disse.

A situação em Israel, porém, não é a mesma de muitos outros países onde campanhas de imunização avançam com lentidão —na Europa, por exemplo, apenas 4% da população está totalmente vacinada segundo a Organização Mundial da Saúde—, levando cristãos a celebrarem a Páscoa sob restrições.

A Itália, um dos países europeus mais atingidos pelo vírus, iniciou neste sábado (3) um confinamento estrito, o que privou famílias de se encontrarem. No Vaticano, a via-crúcis de sexta foi realizada em uma praça de São Pedro quase vazia. Foi o segundo ano consecutivo no qual a procissão que comemora as últimas horas da vida de Jesus não foi realizada no antigo Coliseu, de Roma, desde que a tradição pascal moderna foi reintroduzida pelo papa Paulo 6º em 1964.

Na França, novas restrições em todo o território entraram em vigor neste sábado, para tentar conter uma explosão de casos que está levando os hospitais da capital à beira do colapso. Na vizinha Alemanha, onde o governo revogou um confinamento que seria imposto na Páscoa, a primeira-ministra Angela Merkel pediu à população que limite suas reuniões o máximo possível.

Nos EUA, onde mais de 100 milhões de pessoas receberam ao menos uma dose da vacina, o presidente Joe Biden pediu para que as pessoas "não baixem a guarda".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.