Oxigênio de submarino que desapareceu na Indonésia dura só até sábado

Marinha afirma que embarcação tem reserva de emergência para 72 horas; 53 pessoas estão a bordo

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Jacarta (Indonésia) | AFP

O submarino indonésio que desapareceu na quarta-feira (21) com 53 pessoas a bordo tem oxigênio só até a madrugada deste sábado (24, tarde de sexta no Brasil) —o que significa que as equipes de resgate têm menos de 24 horas para encontrar a tripulação ainda com vida.

A informação foi divulgada nesta quinta (22) pelo comandante do Estado-Maior da Marinha do país, Yudo Margono. Segundo ele, as reservas de emergência da embarcação devem acabar às 3h de sábado do horário local —16h de sexta (23) em Brasília.

O submarino KRI Nanggala-402, que desapareceu nesta quarta (21), na base naval de Surabaya
O submarino KRI Nanggala-402, que desapareceu nesta quarta (21), na base naval de Surabaya - Marinha da Indonésia/ AFP

Devido à situação crítica, o presidente indonésio, Joko Widodo, ordenou um esforço total para encontrar o submarino. "Ordenei ao chefe militar, ao comandante do Estado-Maior da Marinha, à agência de busca e resgate e outras instâncias que enviem os melhores esforços para encontrar e resgatar a tripulação."

​O submarino, em operação desde 1981, desapareceu às 3h de quarta (no horário local), no estreito entre as ilhas de Java e de Bali. Ele perdeu contato com as autoridades após pedir permissão para mergulhar.

Na área de onde o último sinal foi enviado, as autoridades detectaram uma mancha de óleo, ao norte da ilha de Bali. É nessa zona que as buscas se concentram.

Seis navios da Marinha e um helicóptero participam da operação. A mancha de óleo pode sinalizar danos ao tanque do submarino, mas também pode ser uma forma de enviar uma mensagem de socorro.

Analistas militares alertaram, porém, para o risco de o submarino ter se partido se tiver afundado a 700 metros de profundidade, conforme sugerido pelas autoridades militares no dia anterior.

Acidentes com submarinos, um dos mais complexos tipos de embarcação à disposição das Marinhas, não são raros. Em 2017, a Argentina perdeu o ARA San Juan, que afundou após uma explosão interna não explicada até hoje. Caso mais clássico ainda é o do Kursk, submarino nuclear russo que afundou depois de uma explosão no compartimento de torpedos em 2000, no alvorecer da era Vladimir Putin no poder.

O ministro da Defesa australiano, Peter Dutton, alertou que as informações disponíveis aumentam "o medo de uma terrível tragédia". Vários países ofereceram ajuda para a Indonésia, incluindo Estados Unidos, Austrália, Índia, França e Alemanha. As vizinhas Malásia e Singapura enviaram barcos de apoio.

A Marinha local sugeriu a hipótese de um acidente. "É possível que tenha ocorrido uma queda de energia, o que deixou o submarino fora de controle e impediu o lançamento de medidas emergenciais, afundando a 600 ou 700 metros", disse um porta-voz militar.

A embarcação é capaz de descer abaixo de 250 metros, de acordo com o vice-almirante francês Antoine Beausssant, “mas se ele afundou a 700 metros há uma boa chance de que tenha se partido", acrescentou à agência de notícias AFP. Frank Owen, diretor do Australian Submarine Institute, mostrou-se pessimista sobre as chances de resgate. "Se o submarino estiver no fundo do mar e a profundidade for grande, poucos são os meios de tirar a tripulação de lá", explicou à imprensa australiana.

O KRI Nanggala-402 foi construído na Alemanha em 1978, de acordo com um site do governo, e modificações posteriores foram feitas para modernizá-lo. É um submarino movido a diesel.

A embarcação pertence à classe Cakra, uma das inúmeras variantes da bem-sucedida linha de embarcações para exportação IKL-209. Há outro desses em operação na Marinha indonésia e mais dois de um modelo mais moderno feito sob licença na Coreia do Sul, a classe Jang Bogo —chamada de Nagapasa por Jacarta. Há mais três embarcações do tipo em construção. O Brasil opera cinco embarcações da linha 209, quatro da classe Tupi e uma da Tikuna. Desde 2009, trocou de parceiro e está construindo quatro submarinos franceses Scorpène. Sua versão brasileira, maior e modificada, é a classe Riachuelo, e há dois deles no mar hoje —um em fase avançada de testes, outro recém-lançado.

O Nanggala havia sido modernizado na Coreia do Sul, parceira militar da Indonésia, em 2012. Mas sua provável perda é mais um sinal das dificuldades pelas quais passam as Forças Armadas do país.

Situada no centro das rotas marítimas contestadas por China e pelos EUA e seus aliados, a Indonésia é estrategicamente vital em qualquer configuração política no Indo-Pacífico.

Em 2019, o presidente Joko Widodo buscou avançar o programa de modernização bélica ao colocar um ex-rival, o general Prabowo Subianto, como ministro da Defesa. Na avaliação do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, entidade britânica que é referência na área, até aqui o esforço tem sido lento.

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