Descrição de chapéu Coronavírus

Presidente da Argentina anuncia ter contraído a Covid-19

Alberto Fernández afirma estar bem e pede à população cumprimento das recomendações contra pandemia

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Buenos Aires | AFP e Reuters

O presidente argentino, Alberto Fernández, anunciou na madrugada deste sábado (3) ter contraído a Covid-19 após sentir sintomas compatíveis com a doença. “Depois de apresentar febre de 37,3 ºC e uma leve dor de cabeça, fiz um teste de antígeno que deu positivo”, afirmou no Twitter.

O peronista, que disse estar bem fisicamente, realizou na sequência um exame PCR que confirmou a infecção —o teste de antígeno é uma detecção rápida por swab nasal ou de garganta, mas é menos sensível que o PCR. Fernández completou 62 anos nesta sexta-feira (2) e aproveitou o anúncio para agradecer "as tantas expressões de afeto lembrando o meu nascimento".

O presidente argentino, Alberto Fernández, durante entrevista coletiva na Casa Rosada, em Buenos Aires
O presidente argentino, Alberto Fernández, durante entrevista coletiva na Casa Rosada, em Buenos Aires - Juan Mabromata - 28.mar.21/AFP

O argentino foi o primeiro presidente a receber a imunização contra o coronavírus na América Latina. Ele tomou em 21 de janeiro a primeira dose da vacina russa Sputnik V, no hospital Posadas, em Buenos Aires. Pouco menos de um mês depois, recebeu a segunda dose, em 11 de fevereiro. A uma rádio local neste sábado, Fernández disse que "se não tivesse tomado a vacina estaria muito pior", numa tentativa de evitar que o caso vire propaganda negativa da Sputnik V.

Os imunizantes não garantem totalmente que uma pessoa não seja infectada pelo coronavírus, mas evitam com eficácia alta que a doença evolua para um quadro grave. Após meses de críticas devido à falta de revisão e ao passo acelerado de sua aplicação na Rússia, a vacina Sputnik V teve, enfim, no começo de fevereiro, a análise preliminar de sua fase 3 de ensaios publicada pela revista britânica The Lancet.

O imunizante russo teve 91,6% de eficácia em um estudo com cerca de 20 mil participantes. Desses, houve 16 contaminados que desenvolveram a Covid-19 com sintomas leves no grupo vacinado, e 62, entre aqueles que tomaram placebo. Não houve casos graves ou moderados entre os vacinados, enquanto 20 foram registrados entre os que receberam uma solução inerte. O tempo da proteção conferida ainda não foi analisado, mas os russos afirmam acreditar que ela possa ficar entre sete meses e dois anos.

Logo após o anúncio de Fernández, o Instituto Gamaleya, que produz a Sputnik V, publicou no Twitter uma mensagem lamentando a contaminação do presidente argentino e destacando a eficácia de mais de 90% contra infecções e de 100% contra casos severos da doença. "Se o contágio for confirmado, a vacinação garante uma rápida recuperação sem sintomas graves. Desejamos a você uma rápida recuperação!"

Chefes de Estado e aliados também enviaram mensagens de apoio, como os presidentes de Chile e México, Sebastián Piñera e Andrés Manuel López Obrador, além dos ex-presidentes de Bolívia, Equador e Brasil, Evo Morales, Rafael Corrêa e Lula. O atual líder brasileiro, Jair Bolsonaro, não se manifestou até o momento, embora ele tenha recebido uma carta de Fernández quando foi infectado pelo coronavírus, em julho do ano passado. Na mensagem, o líder argentino desejava que ele se recuperasse rapidamente e afirmava que o "vírus não distingue governantes e governados".

Depois de anunciar a contaminação, Fernández pediu para que a população siga as recomendações de segurança no contexto da crise sanitária. "É claro que a pandemia não passou e devemos continuar a cuidar de nós mesmos", afirmou. Ele disse que, mesmo antes de receber o resultado do teste PCR, já entrou em isolamento, "cumprindo o protocolo vigente e seguindo as indicações do médico pessoal".

Por fim, afirmou que todas as pessoas com quem ele se encontrou nas últimas 48 horas foram procuradas para avaliar se o contato foi próximo o suficiente para que elas também fiquem em quarentena. Fernández tinha uma reunião marcada para este sábado para decidir novas medidas de restrição, mas o encontro terá de ser feito por telefone. A promessa é de mais anúncios após a Páscoa.

A Covid-19 já matou 56.023 pessoas na Argentina e infectou 2,3 milhões, de acordo com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins. Cerca de 682.868 pessoas foram vacinadas até o momento, com prioridade para idosos e profissionais de saúde.


OUTROS LÍDERES QUE TIVERAM COVID-19

MARÇO
Boris Johnson
, 56
premiê do Reino Unido (ficou três dias na UTI)

Albert, 62
príncipe de Mônaco

JUNHO
Nikol Pashinyan, 45
premiê da Armênia

Juan Orlando Hernandez, 52
presidente de Honduras

JULHO
Jair Bolsonaro, 66
presidente do Brasil

Jeanine Añez, 53
presidente interina da Bolívia

Aleksandr Lukachenko, 66
ditador da Belarus

SETEMBRO
Alejandro Giammattei, 64
presidente da Guatemala

OUTUBRO
Donald Trump, 74
presidente dos Estados Unidos (ficou 3 dias internado)

Boyko Borissov, 61
premiê da Bulgária

Abdelmadjid Tebboune, 75
presidente da Argélia (ficou 47 dias internado)

NOVEMBRO
Andrej Plenkovic
, 50
premiê da Croácia

DEZEMBRO
Ion Chicu, 48
premiê de Moldova

Emmanuel Macron, 43
presidente da França

Igor Matovic, 47
premiê da Eslováquia

JANEIRO
Andrés Manuel López Obrador
, 67
presidente do México

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