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Protestos contra aumento de impostos na Colômbia têm confrontos entre policiais e manifestantes

Marchas convocadas por sindicatos de trabalhadores devem durar 48 horas; presidente disse que forças de segurança podem intervir

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Buenos Aires

Apesar dos pedidos de autoridades para que uma greve nacional não fosse realizada nesta quarta (28), colombianos foram às ruas contra uma reforma tributária apresentada pelo presidente Iván Duque.

Várias cidades tiveram aglomerações, e houve confrontos com a polícia em Bogotá, Bucaramanga, Barranquilla e Cali. As marchas, convocadas por sindicatos de trabalhadores de diferentes setores, tiveram início pela manhã e estavam previstas para durar 48 horas.

Os manifestantes pedem que não haja aumento de impostos e que sejam criadas mais medidas de proteção social aos trabalhadores afetados pelo coronavírus. Desde 2019, o governo Duque, de centro-direita, tenta implementar uma reforma fiscal no país —na época, houve intensos conflitos.

Em novembro daquele ano, colombianos tomaram as ruas durante vários dias, em protestos que acabaram com ao menos quatro mortes e 500 feridos e geraram a prisão de 172 pessoas e a expulsão de 61 estrangeiros, sob acusação de vandalismo.

Os atos daquela época somavam diferentes demandas. As centrais sindicais rejeitavam possíveis iniciativas do governo, não oficializadas, para reduzir direitos trabalhistas e aposentadorias; os estudantes pediam mais recursos para a educação; e os indígenas, mais proteção, pois dezenas deles foram assassinados desde o início do mandato de Duque, em 2018. Os manifestantes também questionavam a intenção do presidente de rever o acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que desarmou a guerrilha e transformou o grupo em um partido político.

Manifestantes entram em confronto com policiais durante protesto contra reforma tributária em Medellín, na Colômbia
Manifestantes entram em confronto com policiais durante protesto contra reforma tributária em Medellín, na Colômbia - Joaquin Sarmiento/AFP

Em declarações no meio da tarde, a prefeita de Bogotá, Claudia López, afirmou que as manifestações teriam de ser interrompidas às 20h (22h em Brasília), quando entra em vigor o toque de recolher.

"Durante a manhã, tivemos muitos bloqueios de rua e impedimentos de circulação. Esperamos que todos entendam que é necessário voltar para casa e cumprir as medidas de restrição."

Nesta terça (27), López, um nome de centro-esquerda, tentou, sem sucesso, demover os manifestantes de irem às ruas devido à pandemia e sugeriu que o protesto fosse realizado de outro modo.

Já o presidente, cuja posição em relação à segurança é mais linha-dura, publicou uma foto que o mostrava com os chefes das forças de segurança e afirmou que elas estariam alertas durante todo o dia caso fosse necessário intervir. "Com a equipe de governo e a cúpula da polícia nacional, analisamos a situação. Dei instruções à força pública para que garanta a ordem pública e a segurança dos cidadãos."

Nas últimas semanas, a Colômbia entrou no que epidemiologistas locais consideram uma terceira onda da pandemia, com novas altas de casos e mortes pela doença. Nesta terça, o país registrou média móvel de 17.254 infecções, cifra próxima às 17.857 registradas em 20 de janeiro, no auge da segunda onda, de acordo com dados do Our World in Data.

Desde o início da crise sanitária, o país soma 2.787.303 infecções e 71.799 mortes.

Para tentar barrar a disseminação do vírus, tanto o governo nacional quanto a prefeitura de Bogotá impuseram novos confinamentos em várias regiões. A capital colombiana está em lockdown parcial ao menos até o dia 9 de maio, e não é possível sair de casa nos fins de semana. Durante a semana, há toque de recolher entre 20h e 4h, e comércios não essenciais devem fechar as portas às 7h.

A prefeita de Bogotá afirmou, na segunda (26), que as UTIs da cidade estão em 91% de lotação e pediu à população que reforce as medidas de precaução. Há preocupação grande em relação a novos protestos previstos para as próximas semanas.

Além dos atos contrários ao aumento de impostos, há marchas sendo convocadas contra o fechamento do comércio em várias cidades, como Medellín. Empresários e comerciantes querem flexibilizações nas restrições impostas pela pandemia para que a economia continue a funcionar.

Com 97,5% de ocupação dos leitos de UTI, Medellín adotou uma série de restrições para tentar conter a alta de casos. Vigora na capital do departamento de Antioquia um toque de recolher entre 20h e 5h, com proibição de venda de bebidas alcoólicas nesse horário.

Nas demais cidades da região, a restrição dura das 17h às 5h, também com lei seca nesses horários. As normas estão previstas para durar até o dia 3 de maio.

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