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Após 13 mortes em um dia, Colômbia envia Exército para conter protestos em Cali

Negociação entre governo e manifestantes está paralisada

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Cali | AFP e Reuters

O presidente Iván Duque determinou na noite de sexta-feira (28) a mobilização de tropas militares em Cali, a terceira maior cidade da Colômbia, após violentos protestos deixarem ao menos 13 mortos durante o dia, que marcou um mês do começo de uma convulsão social inédita no país.

Segundo o presidente, os militares darão assistência à polícia local. "Essa mobilização quase triplicará nossa capacidade em 24 horas", disse ele. Mais de 7.000 homens serão enviados para desmantelar bloqueios de estradas, incluindo membros da Marinha.

Haverá também um toque de recolher noturno na cidade de 2,2 milhões de habitantes, diariamente a partir das 19h.

Veículo policial em chamas durante protestos na Colômbia - Juan Pablo Pino -28.mai.2021/AFP

"Neste dia tivemos um número significativo de mortes, no entanto ainda não podemos dizer se todas as mortes ocorridas em 28 de maio estão diretamente associada aos protestos", disse o prefeito de Cali, Jorge Ivan Ospina. Além das 13 mortes, 34 pessoas também ficaram feridas.

Uma das vítimas era Fredy Bermudez, um investigador do Ministério Público, que atirou na direção de um protesto, matando duas pessoas, e depois foi morto pelos manifestantes, segundo o chefe do órgão, Francisco Barbosa. Ele acrescentou que o funcionário estava de folga.

Enquanto isso, o Ministério da Defesa divulgou imagens de multidões atacando edifícios públicos com pedras e explosivos artesanais nas cidades vizinhas de Popayán e Pasto.

Neste mês de protestos morreram 49 pessoas, segundo a contagem oficial. O Ministério Público estabeleceu que pelo menos 17 casos têm vínculo direto com as manifestações, mas a ONG Human Rights Watch afirma ter denúncias sobre 63 óbitos, 28 relacionados com a crise.

Apesar do governo e dos líderes das manifestações chegarem a um pré-acordo para encerrar os protestos nesta semana, os organizadores das greves disseram na quinta (27) que o governo não havia assinado o tratado e acusaram Duque de o paralisar.

O governo disse que não assinou o acordo porque alguns líderes não condenaram os bloqueios das estradas, classificando a questão como não negociável e acrescentando que as conversas serão retomadas no domingo.

Os protestos começaram quando o governo quis impor mais impostos à classe média, atingida pela pandemia, para preencher a lacuna fiscal deixada pela emergência econômica.

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Duque desistiu da proposta, mas a repressão policial acirrou os ânimos. Atualmente, as ruas estão cheias de jovens sem trabalho e sem estudar que pedem um Estado mais solidário diante da devastação causada pela Covid-19.

As manifestações já levaram à demissão do ministro das Finanças, Alberto Carrasquilla, da chanceler, Claudia Blum, e do Alto Comissário para a Paz, Miguel Ceballos, que liderava as negociações do governo com os manifestantes.

Enquanto isso, a desaprovação de Duque atinge níveis históricos, cerca de 76%, a um ano das eleições presidenciais.

Desde que assumiu o poder em agosto de 2018, Duque enfrenta protestos sem precedentes. A pandemia extinguiu as mobilizações por um tempo, mas elas recomeçaram com força, apesar de a Colômbia enfrentar uma onda agressiva da Covid-19, deixando hospitais à beira do colapso.

A pandemia afetou a economia do país de 50 milhões de habitantes. Em um ano, a porcentagem da população pobre passou de 35,7% para 42,5%, e quase um terço dos colombianos —27,7%— entre 14 e 28 anos não estudam nem trabalham, segundo o órgão estatal de estatísticas.

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