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Em meio a pressão das ruas, Duque diz que vai dialogar com sociedade civil da Colômbia

Protestos contra governo conservador já deixaram 24 mortos; presidente culpa criminosos por violência

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Bogotá (Colômbia) | AFP e Reuters

A Colômbia viveu nesta quarta-feira (5) seu oitavo dia consecutivo de protestos contra o governo do presidente Iván Duque —que, em pronunciamento, prometeu ouvir os manifestantes e acusou grupos criminosos de estarem por trás da violência nas ruas.

Ao menos 24 pessoas morreram durante os protestos, mais de 800 ficaram feridas e 87 estão desaparecidas, de acordo com a Defensoria Pública. Nesta quarta, milhares de pessoas participaram de atos em Medellín e Cali. Na capital, Bogotá, manifestantes se encontraram na Praça de Bolívar, nos arredores da sede presidencial, e um grupo tentou entrar no Congresso, mas foi dispersado pela polícia.

Além disso, estradas foram bloqueadas em todo o país, e sindicatos seguem convocando uma greve geral.

Manifestantes entram em confronto com a polícia durante protesto em Bogotá nesta quarta
Manifestantes entram em confronto com a polícia durante protesto em Bogotá nesta quarta - Juan Barreto/AFP

O governo afirma que 550 pessoas foram detidas por participarem de saques e de atos de vandalismo. Na madrugada de quarta, alguns manifestantes chegaram a colocar fogo em uma delegacia na qual estavam dez agentes —todos conseguiram escapar.

“Não haverá trégua para quem cometeu esses crimes. Toda a sociedade irá levá-los à Justiça”, afirmou Duque, que voltou a dizer que grupos ligados ao narcotráfico seriam os responsáveis pela violência.

Apesar do discurso duro, no qual prometeu recompensas para quem denunciar os atos de vandalismo, Duque também disse que vai abrir um canal de diálogo com a sociedade civil para buscar um consenso que ponha fim à crise.

O primeiro encontro aconteceu já nesta quarta, mas sem a presença do presidente —que até o momento tinha se mostrado reticente a negociar com representantes dos manifestantes.

Sindicatos e ativistas afirmam que em 2019 Duque também prometeu ouvir as ruas após uma série de protestos, mas que o governo não implementou nenhuma das medidas propostas na ocasião.

Os atos contra o governo começaram em 28 de abril como uma manifestação pacífica em repúdio a uma reforma tributária proposta por Duque.

Os manifestantes são contra o aumento de impostos e pedem mais medidas de proteção social aos trabalhadores afetados pela pandemia de coronavírus. Desde 2019, o governo Duque, de centro-direita, tenta implementar uma reforma fiscal no país —na época, houve intensos conflitos.

Diante da força dos atos, o líder colombiano recuou e pediu ao Congresso que tirasse o projeto da pauta, prometendo enviar no futuro uma nova versão do texto sem os pontos que desagradam a população. Ainda assim, os protestos não arrefeceram e passaram a incluir também outros temas, como melhoria nas condições de saúde, educação e segurança, além do fim dos abusos policiais contra manifestantes.

De acordo com o presidente, o projeto reformulado excluirá tanto o aumento do imposto sobre bens e serviços quanto a ampliação da base de contribuintes do imposto de renda, os pontos mais controversos da lei. A reforma é necessária para "dar estabilidade fiscal ao país, proteger os programas sociais dos mais vulneráveis e gerar condições de crescimento depois dos efeitos provocados pela pandemia", defendeu o presidente, que tem uma popularidade baixa, na casa dos 33%.

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O presidente também afastou na segunda-feira (3) o ministro das Finanças, Alberto Carrasquilla, que havia redigido o projeto de reforma fiscal e que será substituído pelo economista José Manuel Restrepo, atual titular da pasta do Comércio. O presidente, porém, vê a demanda por novas demissões ganhar força nas ruas. Manifestantes também querem a saída do ministro da Defesa, Diego Molano e dos generais Luis Fernando Navarro, comandante das Forças Armadas, e Jorge Luis Vargas, diretor da polícia.

A tensão na Colômbia também gerou manifestações da ONU, da União Europeia, dos EUA e de ONGs de direitos humanos, que denunciaram o uso desproporcional de força pela polícia para controlar os atos.

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