Ex-chanceler Ernesto Araújo tira licença remunerada de 90 dias do Itamaraty

Ex-ministro ocupa cargo na área administrativa do Ministério das Relações Exteriores

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Brasília

O ex-chanceler Ernesto Araújo vai tirar uma licença-prêmio pelo período de 90 dias, segundo boletim interno do Itamaraty. Durante a licença, que começa a valer em 2 de junho, Ernesto receberá remuneração.

Expoente da ala ideológica do governo, ele foi substituído no comando do Ministério das Relações Exteriores pelo também diplomata Carlos França, em 29 de março. O ex-chanceler perdeu o posto após entrar em choque com a cúpula do Congresso, mas também enfrentava resistências no empresariado, em setores militares e entre lideranças do agronegócio.

O ex-ministro Ernesto Araújo depõe na CPI da Covid, em Brasília - Lucio Tavora - 18.mai.21/Xinhua

O desgaste com o Legislativo foi tão grande que a senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores, declarou que jamais colocaria em votação a indicação de Ernesto para qualquer embaixada. Assim, a situação do diplomata converteu-se num problema para França. O ex-ministro assumiu um cargo na área administrativa do Itamaraty e passou a realizar publicações nas redes sociais, algumas delas com discordâncias em relação ao trabalho do novo chanceler.

Com o veto do Senado, uma das possibilidades levantadas por interlocutores é a designação de Ernesto para um posto no exterior que não demande aval do Parlamento —como a chefia de um consulado ou da representação do Brasil junto à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

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Na semana passada, o ex-ministro foi ouvido na CPI da Covid. Na audiência, ele confirmou ter mobilizado a estrutura do Ministério das Relações Exteriores para a compra da hidroxicloroquina e afirmou que o processo contou com a atuação de Bolsonaro.

Ernesto também dissimulou sobre seus atritos com a China, país fornecedor de matéria-prima para a fabricação de vacinas, e os ataques que ele próprio desferiu ao país asiático.

O ex-chanceler, no entanto, preservou o presidente da República em seu depoimento.

Procurado, o Itamaraty disse que Ernesto "tem direito a 90 dias de licença-prêmio por assiduidade, adquiridos na forma da lei nº 8.112/90, referentes ao quinquênio de 1990 a 1995". "Servidores em gozo de licença-prêmio por assiduidade recebem apenas a remuneração do cargo efetivo, nos termos da lei."

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