Irã veta participação de Ahmadinejad e outros dois candidatos em eleição presidencial

Lista com sete postulantes, a maioria conservadores, também deixa de fora aliado de atual presidente

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Teerã e Dubai | AFP e Reuters

As autoridades iranianas autorizaram as candidaturas de cinco conservadores e dois reformistas para a eleição presidencial de 18 de junho, em uma decisão que gerou polêmica pela desqualificação de três candidaturas de peso, entre as quais a do ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad (2005-2013).

Além do ex-mandatário populista, o Conselho de Guardiões da Constituição —que aprova os candidatos à Presidência— rejeitou a participação do vice-presidente Eshaq Jahangiri, reformista e aliado do atual presidente, Hassan Rouhani, e do ex-chefe do Parlamento, o conservador moderado Ali Larijani, conselheiro do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.

O órgão não precisa justificar os motivos da desqualificação dos candidatos, escolhidos entre 40 nomes aprovados após alcançarem critérios básicos —cerca de 600 pessoas se inscreveram para o pleito.

O ex-presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad fala com a imprensa após registrar sua candidatura para a eleição deste ano
O ex-presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad fala com a imprensa após registrar sua candidatura para a eleição deste ano - Atta Kenare - 12.mai.21/AFP

A escolha do conselho parece abrir caminho para a vitória do chefe linha-dura do Judiciário, o conservador Ebrahim Raisi, que obteve 38% dos votos na eleição de 2017 e é próximo de Khamenei.

Por outro lado, a exclusão de importantes candidatos pode afetar o comparecimento às urnas —as eleições parlamentares de 2020 tiveram comparecimento de 42%, o menor desde a Revolução Islâmica de 1979. Uma pesquisa divulgada pela agência de notícias Fars projeta a participação de 53% neste pleito.

Segundo a lista publicada pela agência oficial de notícias Irna, a eleição de junho será disputada por Raisi e os conservadores Saeed Jalili (ex-negociador-chefe nuclear), Mohsen Rezaei (ex-chefe da Guarda Revolucionária e frequente candidato à Presidência) e os deputados Alireza Zakani e Amir-Hossein Ghazizadeh Hashemi. Já os reformistas aprovados foram Abdolnaser Hemmati, presidente do Banco Central, e Mohsen Mehralizadeh, ex-vice-presidente.

A decisão gerou polêmica no país. Em um comunicado divulgado pela mídia local, o vice-presidente Jahangiri disse que a rejeição de “muitas pessoas qualificadas é uma séria ameaça à participação pública e à competição justa entre tendências políticas, especialmente reformistas”.

Em discurso no Parlamento, o legislador Ahmad Alirezabeigi criticou a desqualificação de Ahmadinejad e disse que forças de segurança cercaram a casa do ex-presidente, embora ele tenha pedido a seus apoiadores que mantenham a calma. Mesmo o favorito Raisi defendeu, no Twitter, um pleito mais plural.

“Desde ontem à noite, quando fui informado dos resultados, [...] tenho realizado contatos e consultas para fazer com que o cenário eleitoral seja mais competitivo e participativo”, escreveu. Larijani, por outro lado, não fez objeções à decisão do conselho, dizendo ter “cumprido seu dever perante a Deus” e ao país.

A disputa ocorre em meio a um descontentamento crescente de uma economia fortemente impactada por sanções americanas. Rouhani e seus aliados moderados atribuíram a maior parte dos problemas econômicos do Irã às medidas dos EUA e priorizaram as negociações para reviver o acordo nuclear, abandonado por Donald Trump em 2018.

Larijani já havia declarado seu apoio ao tratado e às conversas para retomá-lo, o que vai de encontro à posição de outros conservadores e aliados linha-dura de Khamenei, que insistem que não se pode confiar nos americanos para cumprir qualquer acordo, além de responsabilizarem o governo de Rouhani pelas dificuldades econômicas do país. Especialistas apontam ainda que um dos motivos que podem ter custado a candidatura de Larijani é o fato de sua filha Fatemeh morar nos EUA, onde cursa medicina.

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