Descrição de chapéu refugiados

Jovem imigrante usa garrafas plásticas como boia para chegar nadando a Ceuta

Mais de 8.000 pessoas tentaram entrar no enclave espanhol vizinho ao Marrocos nesta semana

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Jon Nazca Mariano Valladolid
ceuta | Reuters

Um garoto marroquino usou garrafas plásticas amarradas ao corpo para flutuar e conseguir chegar, a nado, nesta quarta (19), ao enclave espanhol de Ceuta, no norte da África. Segundo o soldado espanhol que o recebeu, ele disse que preferia morrer a ter de voltar ao Marrocos.

O menino chegou sozinho e chorando. "Ele não queria ser mandado de volta, não tinha nenhuma família no Marrocos e não se importava se morresse de frio", disse Rachid Mohamed al Messaoui, 25.

"Nunca ouvi algo assim de alguém tão jovem", completou.

Imigrante marroquino usa garrafas plásticas para flutuar na travessia em direção a Ceuta - Jon Nazca - 19.mai.21/Reuters

Soldados acompanharam o garoto, ao lado de outros imigrantes, até o portão que separa os países. Um porta-voz do Exército disse não saber o que aconteceu com ele depois disso. É ilegal deportar imigrantes menores de idade na Espanha, e centenas estão em um centro provisório em Ceuta.

O garoto é uma das mais de 8.000 pessoas que nadaram ou escalaram uma cerca para entrar no enclave nesta semana. A Espanha enviou tropas para patrulhar a região e ajudar a controlar a entrada dos imigrantes. Com população de 80 mil pessoas, Ceuta fica a centenas de metros da ponta do país africano.

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Na segunda-feira (17), pelo menos 2.700 imigrantes em situação irregular, incluindo mil menores de idade, entraram no território, segundo o governo da Espanha. Foi um recorde para um único dia.

Os viajantes chegavam por mar a nado, a bordo de flutuadores ou botes infláveis e até a pé, quando a maré baixa permitia. Outros tentavam cruzar a fronteira terrestre, protegida por uma cerca dupla.

As chegadas de migrantes ao enclave ocorrem em um contexto de tensão entre a Espanha e o Marrocos, devido à presença no país europeu do líder do movimento de independência do Saara Ocidental.

O governo marroquino reagiu com indignação à notícia de que o chefe da Frente Polisário, Brahim Ghali, encontra-se internado desde meados de abril em um hospital espanhol para ser tratado de Covid-19.

A Frente Polisário, apoiada pela Argélia, luta há décadas pela independência do Saara Ocidental, uma ex-colônia espanhola controlada em sua maioria pelo Marrocos, que quer manter a região sob seu comando.

Ceuta e Melilla, o outro enclave da Espanha no norte da África, são as únicas fronteiras terrestres da União Europeia com a África, o que as torna duas importantes portas de entrada para migrantes sem documentos em busca de uma vida melhor.

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