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Médicos na Índia fazem alertas contra uso de esterco de vaca como prevenção à Covid

Sem evidência científica comprovada contra doença, prática pode gerar riscos à saúde

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Ahmedabad (Índia) | Reuters

Médicos na Índia estão alertando contra o uso de esterco de vaca para prevenir casos de Covid, dizendo que não há evidências científicas de eficácia da prática e que há o risco de espalhar outras doenças.

A pandemia de coronavírus atingiu com força a Índia, com 22,9 milhões de casos e quase 250 mil mortes registradas até agora. Os especialistas, no entanto, dizem que os números reais podem ser de cinco a dez vezes maiores, e a população em todo o país está lutando para encontrar leitos hospitalares, oxigênio ou remédios. Assim, muitos já morreram por falta de tratamento.

Em Ahmedabad, na Índia, pessoas passam esterco de vaca em seus corpos na crença de que a prática pode aumentar a imunidade contra Covid
Em Ahmedabad, na Índia, pessoas passam esterco de vaca em seus corpos na crença de que a prática pode aumentar a imunidade contra Covid - Amit Dave - 9.mai.21/Reuters

No estado de Gujarat, no oeste da Índia, religiosos têm ido a abrigos de vacas uma vez por semana para cobrir seus corpos com esterco e urina na esperança de que a prática aumente a imunidade contra o coronavírus ou os ajude a se recuperar. No hinduísmo, a vaca é um símbolo sagrado da vida e da terra, e durante séculos os hindus usaram esterco de vaca para limpar suas casas e rituais de oração, na crença de que as fezes têm propriedades terapêuticas e anti-sépticas.

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"Até médicos vêm aqui. Eles acreditam que essa terapia melhora a imunidade e assim podem cuidar de pacientes sem medo", disse Gautam Manilal Borisa, gerente associado de uma empresa farmacêutica, para quem a prática o ajudou a se recuperar da Covid-19 no ano passado.

Desde então, ele frequenta regularmente o Shree Swaminarayan Gurukul Vishwavidya Pratishthanam, uma escola dirigida por monges hindus que fica justamente em frente à sede indiana da Zydus Cadila, empresa que está desenvolvendo uma vacina contra o coronavírus.

Enquanto os participantes esperam que a mistura de esterco e urina em seus corpos seque, eles abraçam ou homenageiam as vacas no abrigo e praticam ioga para aumentar os níveis de energia. Os grupos são então lavados com leite.

Médicos e cientistas na Índia e em todo o mundo alertaram repetidamente contra a prática de tratamentos alternativos para Covid-19, afirmando que eles podem levar a uma falsa sensação de segurança e complicar problemas de saúde. "Não há nenhuma evidência científica concreta de que o esterco de vaca ou a urina funcionem para aumentar a imunidade contra o coronavírus, [isso] é inteiramente baseado na crença", disse JA Jayalal, presidente nacional da Associação Médica Indiana.

"Há também riscos à saúde ao espalhar ou consumir esses produtos. Outras doenças podem passar do animal para os humanos." Existem, ainda, preocupações de que a prática possa contribuir para a disseminação do vírus, já que envolve pessoas se reunindo em grupos. Madhucharan Das, responsável por outro abrigo para vacas em Ahmedabad, disse que estavam limitando o número de participantes.​

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