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Reunião para colocar fim a protestos na Colômbia termina sem acordo

Presidente, ministros e líderes dos manifestantes se reuniram nesta segunda em Bogotá

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Bogotá | Reuters e AFP

Terminou sem acordo uma reunião entre o Comitê Nacional de Greve e o governo da Colômbia, realizada nesta segunda (10). O encontro, que durou mais de três horas, buscava saídas para as quase duas semanas de protestos —mas o dia registrou novos atos, em meio a uma convocação de greve nacional.

O governo não atendeu aos pedidos para frear a violência policial, o que, segundo os ativistas, impediu o avanço das conversas. "Não houve empatia do governo com as razões que nos levaram a esta greve. Não houve empatia com as vítimas da violência desproporcional contra os manifestantes", disse Francisco Maltés, presidente do comitê. Pelo lado do governo, estavam o presidente Iván Duque e ministros.

Manifestante enrolado na bandeira colombiana durante protesto em Bogotá, na Colômbia
Manifestante enrolado na bandeira colombiana durante protesto em Bogotá, na Colômbia - Luisa Gonzalez/Reuters

Miguel Ceballos, alto comissário para a paz, disse, em nome do governo, que há tolerância zero com excessos policiais, mas que não se pode permitir que, neste momento, a legitimidade das forças públicas seja questionada. Após o encontro, o comitê convocou uma nova paralisação nacional para quarta (12).

Antes da reunião, Duque havia dito que questões abordadas por manifestantes seriam incluídas nos debates nacionais que visam encontrar soluções paras as demandas dos protestos antigoverno.

"Sabemos que precisamos priorizar uma série de intervenções necessárias para gerar esperança e um futuro para os jovens", disse o presidente, listando educação gratuita nas universidades públicas, participação política e empreendedorismo como temas a serem debatidos.

Embora Duque tenha insistido inicialmente que não iria a Cali, o epicentro dos protestos, o líder colombiano visitou a cidade após confrontos violentos no fim de semana. Ao menos nove indígenas foram baleados ali no domingo (9) —a caravana em que estavam foi atacada por policiais e civis armados, segundo o Conselho Regional Indígena do Cauca (CRIC).

Em nota à imprensa, a polícia afirmou que os agentes estavam na região atendendo "ao pedido de auxílio da comunidade (...) atacada por um grupo de indígenas". O comunicado diz ainda que os nativos haviam ferido quatro pessoas com objetos cortantes, além de incinerar e vandalizar vários veículos.

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Também em uma nota, Duque pediu aos indígenas que voltassem para o estado de onde vieram e ordenou ao seu ministro da Defesa, Diego Molano, que reforçasse a segurança na cidade.

As manifestações começaram em 28 de abril, atiçadas pela revolta contra uma proposta de reforma tributária. O projeto foi descartado, mas agora as exigências dos manifestantes incluem uma renda básica de US$ 250 (R$ 1.300) aos mais pobres, a retirada de uma proposta de reforma de saúde e o fim da fumigação aérea com glifosato nas plantações de drogas.

Os atos têm sido reprimidos com violência. Em Bogotá e Cali, por exemplo, o Exército passou a patrulhar as ruas. O presidente enfrenta a pressão de protestos convocados por sindicatos, transportadores e indígenas, entre outros setores, que exigem uma mudança de rumo em seu governo e a desmilitarização de campos e cidades. Uma das principais demandas é a dissolução do temido esquadrão da polícia de choque Esmad, sigla para Esquadrão Móvil Antidistúrbios, algo que Duque descartou.

A tensão na Colômbia gerou manifestações da ONU, da União Europeia, dos EUA e de ONGs de direitos humanos, que denunciaram o uso desproporcional de força pela polícia para controlar as manifestações.

O ouvidor de direitos humanos do país relatou 26 mortes desde que os protestos começaram, mas disse que sete não têm relação com as marchas propriamente ditas.

A entidade Human Rights Watch disse ter relatos de 38 óbitos, e o grupo de direitos humanos Temblores e o instituto Indepaz relataram 47 assassinatos, a maioria dos quais cometida pela polícia.

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