Soldados de Israel matam militante palestino durante protesto na Cisjordânia

Incidente indica que região permanece tensa uma semana após cessar-fogo

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Gaza e Nablus (Cisjordânia) | AFP

Um palestino foi morto nesta sexta-feira (28) por soldados israelenses durante confrontos em Bayta, na região da Cisjordânia —um sinal de que as tensões continuam altas na região apesar do acordo de cessar-fogo que encerrou um conflito de 11 dias que deixou centenas de mortes.

Segundo a mídia palestina, Zakaria Maher Hamayel, 28, era um ativista do grupo islâmico Hamas, considerado terrorista por Israel. O ministério da Saúde da Autoridade Palestina disse que Hamayel levou um tiro no peito após uma manifestação contra a expansão das colônias israelenses em territórios palestinos.

Militantes do Hamas durante desfile em que exibiram armas e foguetes em Rafah, na Faixa de Gaza - Said Khatib - 28.mai.21/AFP

As Forças Armadas de Israel confirmaram o incidente e disseram que estavam investigando o caso. Segundo o Crescente Vermelho Palestino, ao menos 22 pessoas ficaram feridas em confrontos semelhantes em Salfit, também na Cisjordânia.

Em Nablus, no norte do território, centenas de palestinos também protestaram. De acordo com testemunhas, alguns indivíduos da multidão com rostos cobertos atiraram pedras nos soldados e incendiaram pneus. Os militares israelenses disseram que responderam a um "distúrbio violento" com meios de dispersão. As circunstâncias da morte de Hamayel não foram esclarecidas.

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Nesta sexta, uma semana após o cessar-fogo entre Israel e o Hamas, milhares de combatentes encapuzados do braço militar do grupo islâmico marcharam pela Faixa de Gaza, exibindo lançadores, foguetes e um drone.

A pé ou em veículos, a maioria tinha armas nas mãos durante o desfile na cidade de Rafah, no sul do território palestino. Uma multidão compareceu à marcha, incluindo crianças, e várias pessoas usavam adereços que remetem às brigadas do Hamas.

Na quinta-feira (27), o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou a abertura de uma investigação internacional sobre possíveis crimes cometidos no conflito entre o grupo islâmico e Israel.

A investigação vai apurar todas as possíveis violações em Gaza, na Cisjordânia e no território israelense durante os 11 dias de hostilidades, e tentará reunir elementos que poderiam ser utilizados no âmbito da abertura de processos judiciais e na identificação de eventuais culpados. A resolução foi aprovada por 24 países que integram o órgão, enquanto 9 a rejeitaram e 13 se abstiveram —entre eles, o Brasil.


COMO VOTARAM OS PAÍSES

  • Aprovaram

    Argentina, Armênia, Bahrein, Bangladesh, Bolívia, Burkina Fasso, China, Costa do Marfi, Cuba, Eritreia, Filipinas, Gabão, Indonésia, Líbia, Mauritânia, México, Namíbia, Paquistão, Rússia, Senegal, Somália, Sudão, Uzbequistão e Venezuela

  • Rejeitaram

    Alemanha, Áustria, Bulgária, Camarões, Ilhas Marshall, Malaui, Reino Unido, República Tcheca e Uruguai

  • Abstenções

    Bahamas, Brasil, Coreia do Sul, Dinamarca, Fiji, França, Holanda, Índia, Itália, Japão, Nepal, Togo e Ucrânia


​​O Hamas começou a disparar foguetes contra Israel no dia 10 em retaliação ao que chamou de abusos dos direitos israelenses contra palestinos em Jerusalém durante o mês do ramadã, sagrado para os muçulmanos. Os ataques ocorreram após uma série de confrontos entre as forças de segurança israelenses e grupos palestinos na mesquita de Al-Aqsa, e de uma decisão judicial em primeira instância que pode expulsar famílias palestinas de um bairro de Jerusalém Oriental alvo de disputas desde que foi anexado por Israel, em 1967. Em resposta, as Forças Armadas israelenses passaram a bombardear Gaza.

A sequência de violência foi a mais grave desde 2014. O último grande confronto durou 51 dias e devastou a Faixa de Gaza, provocando as mortes de pelo menos 2.251 palestinos, a maioria civis, e de 74 israelenses, quase todos soldados.

O conflito atual também serviu de combustível para acirrar as hostilidades internas em cidades israelenses que antes eram vistas como símbolos da convivência entre árabes e judeus. Houve centenas de prisões, e autoridades locais decretaram estados de emergência e toques de recolher. Além disso, houve sinais de revolta contra Israel na população árabe nos vizinhos Líbano e Jordânia, o que aumentou os temores de que o conflito desestabilizasse todo o Oriente Médio —o que não aconteceu.

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