Um tribunal grego sentenciou, neste sábado (12), quatro solicitantes de asilo afegãos a dez anos de prisão pelo incêndio que devastou no ano passado o maior campo de refugiados da Europa.
O tribunal de Chios os condenou por incêndio criminoso, informaram os advogados de defesa. Criado em 2005, no auge da crise migratória, o acampamento de Moria abrigava mais de 10 mil pessoas antes de ser completamente destruído por dois incêndios em 8 e 9 de setembro de 2020, que não causaram vítimas.
Nenhum meio de comunicação pôde assistir à leitura da sentença em razão das restrições sanitárias decorrentes da Covid-19.
Em outro julgamento em março, dois jovens afegãos, menores de idade na época dos eventos, foram condenados a cinco anos de prisão por um tribunal de Lesbos devido a esses incêndios.
Os advogados de defesa afirmam que três dos condenados neste sábado apresentaram documentos provando que não tinham 18 anos quando foram detidos, mas que tal fato não foi reconhecido pelo Estado grego. A maior parte do julgamento se baseou no testemunho de um solicitante de asilo afegão que também vivia no campo de Moria e que identificou os seis jovens como os autores do incêndio.
Essa testemunha-chave não esteve presente na audiência de sexta-feira e também não compareceu ao julgamento de março, pois não foi localizada. Os acusados declararam que a testemunha, um homem da etnia pachtun, os incriminou por pertencerem à etnia hazara, minoria perseguida no Afeganistão.
Os confrontos entre tribos ou grupos étnicos rivais eram comuns no campo de Moria, que abrigava mais de 20 mil pessoas em março de 2020.
No momento do incêndio, a situação era explosiva no local superlotado, onde os migrantes viviam em péssimas condições de higiene e sob estrito confinamento por meses devido ao coronavírus. Como todo o país, Moria ficou confinado em março de 2020, mas, por outro lado, não se beneficiou da suspensão gradual das medidas restritivas. O acesso das ONGs também foi proibido devido aos riscos de contágio.
Em 2 de setembro de 2020, um primeiro caso foi detectado em um refugiado que retornava a Moria após uma estadia no continente, e as tensões explodiram dias depois. De acordo com depoimentos obtidos pela agência de notícias AFP, na noite do primeiro incêndio cerca de 200 migrantes se recusaram a ser colocados em quarentena em uma zona de isolamento criada no campo.
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