Criança brasileira está entre os desaparecidos em desabamento de prédio em Miami

Menino de 5 anos e o pai, italiano, dormiam na hora do colapso; mãe do garoto estava viajando

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São Paulo

Uma criança brasileira de cinco anos e seu pai, o italiano Alfredo Leone, estão entre os desaparecidos no desabamento parcial de um condomínio à beira-mar em Miami, nos Estados Unidos.

A mãe do garoto, Raquel Oliveira, estava visitando familiares em uma cidade no estado do Colorado no momento do colapso. Em seu perfil no Facebook, ela diz que o marido e o filho estavam dormindo quando o prédio desabou e que aguarda notícias deles. A informação foi publicada primeiro pelo jornal O Globo.

Prédio residencial desabou parcialmente em Surfside, na Flórida - Maria Alejandra Cardona - 24.jun.21/ The New York Times

“Neste momento não há nada que possamos fazer além de esperar. Sei que todos querem saber notícias com muita aflição, mas não consigo responder a todos e estou ficando cada vez mais ansiosa com tanta informação e perguntas. Eu não tenho respostas”, escreveu em seu perfil no Facebook.

“Obrigada por tudo que cada um está fazendo, sinto-me muito apoiada. Nesse momento realmente não preciso de nada, só saber deles. Toda a minha vida estava naquele apartamento.” No post na rede social, ela também diz ter deixado o DNA dela para ser comparado com os de crianças não identificadas e que os pais do marido, que estão na Espanha, fariam o mesmo.

Procurado, o Itamaraty disse que o Consulado-Geral em Miami "está em contato com a família de possível vítima e a ela prestará todo apoio cabível". O ministério afirmou ainda que está acompanhando o caso junto às autoridades para "confirmar a eventual existência de vítimas brasileiras".

"Até o momento, as autoridades locais têm optado por não divulgar dados pessoais (nome e nacionalidade) de vítimas e desaparecidos", destacou a pasta.

Nesta sexta (25), o número de mortos subiu para quatro, e mais de 150 pessoas ainda estão desaparecidas, enquanto equipes de resgate vasculham toneladas de escombros, com cães treinados e sonares, em busca de sobreviventes.

As equipes de busca detectaram sons de batidas e outros ruídos, mas nenhuma voz vinda da pilha de destroços horas depois de uma grande parte do condomínio Champlain Towers South, na cidade de Surfside, ao norte de Miami Beach, desmoronar.

Imagens capturadas por uma câmera de segurança nas proximidades mostraram um lado inteiro do prédio colapsando em duas seções, uma após a outra, levantando nuvens de poeira por volta de 1h30 (2h30, no horário de Brasília) desta quinta-feira (24).

O que fez com que o prédio de 40 anos desabasse em segundos ainda é um mistério. As autoridades locais disseram que a torre de 12 andares passava por obras em alguns setores.

Ainda não está claro quantas pessoas moravam no prédio nem quantas estavam nele no momento do acidente. Alguns moradores conseguiram sair sozinhos pelas escadas, enquanto outros tiveram de ser resgatados pela varanda. De acordo com registros públicos, o prédio foi construído em 1981 e tinha 130 unidades —cerca de 80 das quais estavam ocupadas e 55 foram atingidas.

Segundo a prefeita do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, 159 pessoas permanecem desaparecidas desde o colapso do prédio. Outras 120 pessoas cujo paradeiro era inicialmente desconhecido foram localizadas e declaradas seguras, disse ela.

A prefeita afirmou que as equipes de resgate “continuarão procurando, porque ainda temos esperança de encontrar pessoas vivas”. Desde a manhã de quinta-feira, no entanto, quando uma mulher e seu filho foram resgatados dos escombros, nenhum outro sobrevivente foi encontrado.

O local vinha passando por inspeções recentemente devido ao processo de recertificação e à construção de um outro edifício nas proximidades. Kenneth Direktor, advogado que representa a associação dos moradores do edifício, disse que a torre passaria por grandes reparos em pontos onde foram identificados aço enferrujado e concreto danificado.

Segundo Direktor, no entanto, não havia nada que sugerisse que o desmoronamento tivesse algo a ver com os problemas identificados na inspeção feita por engenheiros. O advogado diz que qualquer edifício à beira-mar com a mesma idade que o Champlain Towers South teria algum nível de corrosão e deterioração do concreto devido à exposição aos sais do oceano que podem penetrar nas estruturas e começar a enferrujar os componentes de aço.

No centro comunitário de Surfside, próximo do local do desabamento, familiares das vítimas já identificadas e de pessoas desaparecidas passaram a noite em busca de informações.

Segundo o jornal Miami Herald, o advogado Brad Sohn, que representa um grupo de proprietários de apartamentos no edifício, moveu uma ação judicial contra a administração do condomínio alegando que houve falhas na proteção de vidas e propriedades. “Como advogado, não posso consertar o que é irreparável”, disse Sohn, “mas o que posso fazer é lutar para compensar imediatamente essas vítimas, de modo que possam concentrar todas as suas energias na cura da melhor maneira possível".

"Nossa investigação continua, mas acreditamos fortemente que isso poderia ter sido evitado."

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