Descrição de chapéu América Latina

Dois morrem em menos de 48 horas durante protestos na Colômbia

Jovem sofreu traumatismo craniano em confronto com policiais em Bogotá

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Bogotá | AFP

Dois manifestantes morreram em menos de 48 horas durante protestos na Colômbia, que vive uma onda de insatisfação popular há quase dois meses.

Na noite desta terça-feira (22), um jovem morreu por traumatismo craniano após confrontos com policiais em uma estação de transportes no bairro de Suba, em Bogotá. Outro manifestante de 32 anos morreu na segunda (21), também na capital, mas não há detalhes sobre o caso.

Colombianos protestam nas ruas de Bogotá no marco de um mês desde o início das manifestações
Colombianos protestam nas ruas de Bogotá no marco de um mês desde o início das manifestações - Jhon Paz - 28.mai.21/Xinhua

Manifestantes que estavam com o jovem —cujo nome não foi divulgado— alegam que o ferimento foi provocado por uma cápsula de gás lacrimogêneo lançada pela tropa de choque. O comandante da Polícia Metropolitana de Bogotá, o general Óscar Gómez Heredia, afirmou que não é possível determinar se o objeto foi arremessado por agentes da Esmad, o batalhão antidistúrbios da polícia colombiana.

Segundo autoridades civis e a Defensoria Pública, os protestos já deixaram 63 mortos, incluindo dois policiais. Em uma rede social, a prefeita de Bogotá, Claudia López, defendeu que é preciso reformar a polícia colombiana. “A polícia deve cumprir a Constituição, e os setores sociais e os políticos, comprometerem-se a condenar, não promover e evitar toda forma de violência social e política”, disse.

“Os jovens não podem seguir sendo vítimas de abuso policial e de radicalismos políticos."

O presidente do país, Iván Duque, já anunciou um conjunto de medidas para modernizar o Ministério da Defesa e promover a “transformação integral” da polícia.

Em publicações nas redes sociais, Duque prometeu a criação de um novo estatuto disciplinar e de um novo sistema de recebimento de reclamações e denúncias para “alcançar a excelência” na atuação policial. Sem dar detalhes, o presidente disse ainda que serão implementados “padrões profissionais em questões como uso da força, direitos humanos, serviço ao cidadão e procedimentos policiais”.

As mudanças incluirão ainda uma revisão nos protocolos para o “uso legítimo da força” —algo que vinha sendo questionado por manifestantes e entidades de defesa dos direitos humanos, que viam excessos na conduta dos agentes deslocados para coibir os protestos.

A própria pasta da Defesa mudará de nome e passará a ser Ministério da Defesa Nacional e Segurança Cidadã. Além disso, os policiais colombianos ganharão um novo uniforme, em cor azul, que, segundo Duque, “transmite empatia, cortesia, tranquilidade e confiança”.

A resposta policial aos protestos tem sido alvo recorrente de críticas internacionais, e a ONU, os EUA, a União Europeia e ONGs internacionais já denunciaram os excessos cometidos pelas forças públicas.

Relatório divulgado em 9 de junho pela organização independente Human Rights Watch (HRW) considera que a polícia colombiana tem agido de forma abusiva na repressão às manifestações no país, "em sua maioria pacíficas". O documento apresenta relatos de episódios nos quais os policiais assassinaram e abusaram sexualmente de manifestantes.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos também esteve no país para apurar denúncias. Após a visita, o governo se comprometeu a investigar 21 homicídios ocorridos durante os protestos.

Os protestos têm acontecido diariamente, com alguns dias mais intensos do que outros. Inicialmente, os atos eram contra a reforma tributária proposta pelo presidente Duque. Apesar de ele ter retirado o projeto legislativo, a violenta repressão aos protestos seguiu alimentando o descontentamento.

Desde então, os atos se multiplicaram, sem agenda ou direção definida, mas com demandas que exigem um país mais justo e um Estado mais solidário e que garanta vida e segurança.

O Comitê Nacional de Greve do país chegou a anunciar em 15 de junho a suspensão dos atos, o que não significou o fim das mobilizações, pois a organização não representa todos os que vão às ruas.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.