Descrição de chapéu RFI Coronavírus

Empresário é condenado a pagar R$ 300 mil por oferecer cloroquina a funcionários na França

País proíbe o uso do remédio contra Covid-19; réu comprou o fármaco no Canadá

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

RFI

Uma multa de 50 mil euros (mais de R$ 300 mil) foi exigida na quinta-feira (3) por um tribunal francês do fundador de um importante grupo de empresas do setor químico da França, julgado por ter oferecido comprimidos de cloroquina a seus funcionários durante a pandemia de Covid-19. O uso do produto contra a Covid-19 é proibido na França.

René Pich, 80, foi processado por exercício ilegal das profissões de farmacêutico e médico, aquisição ilícita de drogas, contrabando e porte de substâncias tóxicas e compareceu por quase seis horas ao tribunal durante o julgamento na França.

Comprimidos de cloroquina em instituto francês; remédio não pode ser usado contra a Covid-19 no país
Comprimidos de cloroquina em instituto francês; remédio não pode ser usado contra a Covid-19 no país - Gerard Julien-26.fev.20/AFP

A investigação foi aberta no início de abril de 2020 após um relatório da Inspetoria do Trabalho na região do Loire (centro da França), desencadeado por uma nota do réu informando 384 membros da administração da SNF, uma empresa global de tratamento de água, sobre a aquisição de comprimidos de fosfato de cloroquina, que ele colocava à disposição dos funcionários.

René Pich, que continua trabalhando e possui uma influência importante dentro da empresa, criada há mais de 40 anos, havia adquirido esses 1.200 tabletes de comprimidos de cloroquina, produzidos na Índia, por meio de uma plataforma canadense na internet.

No tribunal, ele confessou que não deveria tê-lo feito, afirmando no entanto, sem convencer o Ministério Público ou as partes civis, ter encomendado o produto "com o fim de salvar vidas, num contexto de escassez da substância", sem saber que se tratava de um medicamento reservado à utilização exclusiva com receita médica.

Lá Fora

Receba toda quinta um resumo das principais notícias internacionais no seu email

Pleiteando sua liberação, os advogados do empresário argumentaram que nenhum dos 1.350 funcionários franceses do grupo havia tomado os comprimidos de cloroquina encomendadas por Pich pela internet.

"Seria difícil para mim ser gerente de recursos humanos da sua empresa, senhor Pich", ironizou o representante do Ministério Público, André Merle, em relação ao réu, que se encontra em conflito aberto com os sindicatos de trabalhadores há anos na França.

Os sindicatos "cumpriram o papel de denunciantes", segundo Sofia Soula-Michal, advogada do CFDT. François Dumoulin, assessor de outro grande sindicato francpes, a CGT, afastou o argumento do "estado de necessidade" apresentado pela defesa do empresário, acreditando que o dirigente "pressionou os empregados para que permanecessem no posto de trabalho custe o que custar" durante o primeiro confinamento em 2020.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.