Os Estados Unidos flexibilizaram as sanções econômicas contra o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, passando a permitir certas transações para facilitar a luta contra a Covid-19 no país.
Sem suspender as medidas punitivas impostas a Caracas, o governo de Joe Biden emitiu, nesta quinta-feira (17), licenças que autorizam a entrega de máscaras, respiradores e tanques de oxigênio, assim como vacinas, testes de detecção e outros materiais hospitalares para atender à crise sanitária.
O Departamento do Tesouro informou que a decisão responde a um memorando emitido por Biden ao assumir o cargo em janeiro, em que mandou revisar todas as sanções que poderiam estar "obstruindo indevidamente" o combate à pandemia.
"Estas novas autorizações vão apoiar ainda mais o trabalho crucial dos governos, das organizações internacionais, das organizações não governamentais e dos atores do setor privado para dar assistência relacionada à Covid-19", declarou o Tesouro em um comunicado.
Washington, que não reconhece a reeleição de Maduro por considerá-la fraudulenta, incrementou as sanções econômicas e a pressão diplomática contra Caracas em janeiro de 2019, quando o socialista assumiu um segundo mandato.
As medidas tomadas pela administração de Donald Trump incluem um embargo de fato ao petróleo venezuelano, crucial para a economia da ex-potência petroleira. Maduro denuncia as sanções americanas como um "crime contra a humanidade".
O Tesouro dos Estados Unidos especificou que as autorizações emitidas nesta quinta-feira não permitem a exportação de nenhum bem, tecnologia ou serviço a militares, agentes das forças de ordem ou pessoal de Inteligência da Venezuela. Não têm luz verde as transações que envolvam a estatal petroleira PDVSA nem tampouco o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social da Venezuela (Bandes), o Bandes Uruguay ou entidades que estes possuam, disse.
As sanções do Tesouro proíbem o acesso ao sistema financeiro americano e bloqueiam todos os eventuais ativos que os implicados tenham sob a jurisdição dos Estados Unidos.
A Venezuela, com 30 milhões de habitantes, vive uma forte onda da pandemia que sobrecarrega os centros de saúde. Na semana passada, a número dois do regime, Delcy Rodríguez, disse que US$ 10 milhões destinados ao sistema global Covax para acessar vacinas contra a Covid tinham sido "bloqueados" por um banco suíço, atrasando o processo de compra.
A Organização Pan-americana da Saúde (Opas), que facilita a aquisição de imunizantes contra a Covid-19 no continente americano, afirmou na quarta que aguarda o cancelamento da dívida para dispor a entrega.
Além da emergência sanitária, o país está mergulhado em uma crise socioeconômica, aprofundada desde a chegada de Maduro ao poder, em 2013, uma situação que, segundo a ONU, provocou o êxodo de mais de 5,6 milhões de pessoas.
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